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Tobago é o caribe “de verdade”, relaxante ou aventureiro, como você quiser

Matéria originalmente publicada em 22/05/2015

Tobago é um lugar difícil de se entender, fácil de se explicar e inevitável de se apaixonar. Ao passar alguns dias explorando a ilha levei um tempo para “descobrir” o destino. Mas isso tem uma explicação bem simples: Tobago é único. Não existe referência, familiaridade, comparação ou outro lugar parecido. E é exatamente por isso que o amor de quem viaja até lá tem que ser construído, não é uma paixão óbvia, mas é de verdade.

A ilha tem aproximadamente 42 km de comprimento por 10 km de largura. Foto: Isabela Rios/Webventure

A ilha de Tobago (to-bei-gou, no sotaque local) é a irmã menor das duas que formam Trinidad e Tobago, república no extremo sul do caribe fora da rota dos furacões. São 300 quilômetros quadrados (menor que a Ilhabela, em São Paulo) que já passaram por muitas guerras e pelas mãos de franceses e holandeses, e em 1889 se tornaram colônia britânica.

A língua oficial é o inglês e a temperatura média é de 30°C. Foto: Isabela Rios

Uma ilha com tudo o que se espera de um destino caribenho: palmeiras, praias de areia branca e um mar com diferentes tonalidades que vão do azul escuro ao verde água claro. Mas com uma imprevisibilidade e personalidade encantadoras.

“O Caribe é a região mais bonita do mundo e Tobago é o Caribe de verdade”, explica a britânica Allison Brown, que há 15 anos viaja com o marido para sua ilha preferida.

A sensação de ser um lugar real vem da simplicidade e oportunidade de imergir no estilo de vida local que ainda não está blindado contra turistas e recebe os visitantes com um sorriso brilhando no rosto.

“Aqui é como as outras ilhas eram anos atrás antes da invasão do turismo artificial”, afirma. Segundo Manfred Brown, “em nenhum outro lugar do mundo você faz amizade com os locais, vai às festas com eles e no ano seguinte eles ainda te chamam pelo nome”.

Desde 1776, dois terços do território tobaguiano são protegidos pela reserva Main Ridge. Foto: Isabela Rios

As surpresas do mundo pouco explorado de Tobago vão além de sua população afrodescendente orgulhosa de sua terra e com jeito espontâneo, que muito lembra as descrições dos gringos sobre a felicidade dos brasileiros.

Tanto a costa oeste, banhada pelo mar do Caribe, quanto a leste, banhada pelo Atlântico, guardam um paraíso submarino que atrai 20 mil turistas europeus por ano. São 30 pontos de mergulho catalogados habitados por tartarugas marinhas, enguias, raias, lagostas e uma incrível diversidade de peixes coloridos.

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Na superfície, os visitantes de maioria britânica dão uma pausa nas espreguiçadas no sol e nas garrafas de Carib, popular cerveja local, para comprovar que Tobago é muito mais do que apenas relaxar na praia. Em 10 ou 40 minutos dirigindo em mão inglesa nas estreitas e sinuosas estradas, o cenário mistura vegetação tropical, sobrados coloridos, resorts, bancas de frutas e bares, e leva os aventureiros a um paraíso dos esportes.

Em Store Bay Beach há feirinha artesanal, opções de comida local e uma loja de conveniência.Foto: isabela Rios

Com menos de uma hora de distância entre as atrações é possível testar a adrenalina com kite e windsurf na popular e infraestruturada Pigeon Point, alugar um stand up ou caiaque na mesma praia ou pegar uma onda na queridinha dos surfistas Mount Irving.

Para apreciar a vida marinha é só embarcar em um Catamaran, lancha ou no popular glass boat até Bucco Reef e, de snorkel, ver os coloridos peixes caribenhos ou nadar na famosa Nylon Pool. Andar de jet ski, pescar, praticar mountain bike ou fazer caminhadas na reserva florestal mais antiga do hemisfério até encontrar a cachoeira Argyle e se refrescar. Em dias de lua nova é possível passear de stand up paddle ou caiaque a noite e observar as algas luminosas do mar caribenho, atividade considerada a número um de Tobago pelo TripAdvisor.

Em uma programação sem esportes estão a Cocoa Farm, para conhecer e degustar o chocolate local, o Adventure Farm para observar pássaros, depender da sorte e ver a desova de tartarugas nas praias do lado oeste, relaxar na charmosa praia de Castara, ver a feirinha artesanal em Store bay e visitar as cinematográficas Englishman Bay, Pirates Bay e Lovers Bay, que serviram de inspiração para o escritor Daniel Defoe no romance Robinson Crusoé.

Tobago tem histórico de colonização europeia, mão de obra escrava e migração oriental. Foto: Isabela Rios

Quer se surpreender novamente? Visite o estádio das corridas de cabra, onde duas vezes por ano jóqueis competem por prêmios em dinheiro ao lado de suas bem treinadas cabras. Quer mais? Entre no clima, escolha o seu animal e participe de uma corrida de caranguejo.

Quando chegar o cansaço é hora de apreciar mais um tesouro local: o lime. Em Tobago, a palavra liming significa a arte de não fazer nada e eles incentivam isso muito por lá. Normalmente a prática inclui comida, muitas garrafas de Carib, conversas, risadas e acaba em dança. Mas não é qualquer dança, o que toca nas duas rádios locais da ilha e não sai da boca dos moradores é o SOCA, um estilo de música caribenho que chega bem perto do gosto brasileiro e faz qualquer turista embalar na dancinha dos quadris típica da mulher local.

As afinidades com os brasileiros não param no gosto musical. O tobagonianos também são apaixonados por futebol. E não é preciso ter muita sorte para ser convidado para uma partida em um dos muitos campos espalhados pela ilha. Só se prepare para algumas palavras difíceis de entender, pois apesar do inglês ser o idioma oficial do país, a população tem uma espécie de dialeto com dicionário e sotaque únicos.

A temporada de esportes de vento em Tobago vai de dezembro a junho. Foto: Isabela Rios

Mas nem alguns diálogos complicados têm a capacidade de estragar a viagem. Muito menos quando o que mais conta é se divertir e relaxar o dia e a noite inteira. A vida noturna em Tobago está concentrada na ponta sul da ilha perto da cidade de Scarborough.

O Sunday School, balada que acontece no domingo, reúne os tradicionais tambores de steel pan com DJs locais e seguram moradores e visitantes até de madrugada circulando entre barraquinhas de comida e rum caribenho. Durante a semana o movimento é menor, mas bares como o Jade Monkey, na região de Crown Point, lotam às quintas, sextas e sábados. Outra atividade noturna são alguns pequenos casinos e os karaokês, que em Tobago são levados a sério e reúnem cantores dignos de reality shows.

Em Scarborough, capital da ilha, também está concentrada a maior parte da infraestrutura turística, com resorts como o Coco Reef e sua praia artificial e o Magdalena com campo de golfe, spa e piscinas. A região é a mais indicada para quem quer acesso a diversas atividades sem se deslocar muito.

Os fãs de mergulho e snorkel são apaixonados pela ilha. Foto: Francisco Marianno

Os grandes hotéis da ilha estão empenhados em traduzir seu material para o português e ajudar os amigos latinos. Também para facilitar a vida dos brasileiros, agora é possível voar pela Gol de São Paulo para Tobago com parada em Barbados. A ideia é que o turista fique na ilha oito dias, a temporada alta para os europeus e época de maior lotação é de janeiro a abril.

Mas é importante saber que oito dias não são suficientes. Durante a minha estadia não encontrei nenhum viajante que não estivesse planejando voltar para o famoso Carnaval, para o Festival Internacional de Jazz, para a competição anual de pesca, para o festival de gastronomia Blue Food Day ou simplesmente para se apaixonar novamente pela “capital do paraíso”, como é apelidada pelos locais.

Foi depois de quatro dias na ilha, de dançar sem olhar em volta, de receber abraços de uma mulher local que mal conhecia, de ter uma aula sobre história italiana enquanto degustava um macarrão com frutos do mar, de nadar ao lado de uma tartaruga enquanto mergulhava no naufrágio Maverick, de entender o que “curtir o dia” significa, de remar contra o vento em uma prancha e de aprender que nem sempre o que é fácil de compreender é o melhor da vida, foi quando eu me apaixonei por Tobago e decidi que voltaria.

“Food is our thing here”

A comida faz parte da filosofia de Tobago. Foto: Isabela Rios

É o que explica a guia Monica Greig: comida é uma grande parte da filosofia de Tobago. Os banquetes de frutos do mar estão por todos os cantos da ilha, o macio peixe Mahi Mahi é um clássico local que precisa ser apreciado. O marcante tempero Jerk acompanha frangos, peixes e carnes, e é uma das delicias disponíveis nos restaurantes. A dica para comer na rua é o Roti, uma espécie de wrap com curry e diversos sabores.

Vídeo: os melhores momentos da viagem pela ilha de Tobago

Para acompanhar, além da popular Carib e da Stag, uma opção de cerveja local mais forte, prove o LLB (lime, lemon and bitter), uma mistura refrescante e meio azeda. Também local experimente o Shandy, refrigerante com sabores ginger ale, lime, sorrel e que tem 2% de cerveja. Para sobremesa escolha sempre o sorvete caseiro, seja qual for.

Webventure indica hotéis, restaurante e passeios para facilitar o planejamento da sua viagem!

A jornalista viajou ao país a convite da Visit Tobago e Bop Comunicação.

Este texto foi escrito por: Isabela Rios