Aviso na Praia de Ponta Negra (foto: Patrícia Mastelli)
por Caroline D´Essen*
Os amantes de trekking estão sempre à procura de um novo local para alguns dias de caminhada. Com o fim do inverno, as travessias tradicionais de montanha, como Serra dos Órgãos, Serra Fina, cedem lugar às caminhadas no litoral.
Uma ótima opção, que ainda está bem pouco explorada é a Ponta da Joatinga. A região não teria como não ser linda. Localizada entre Trindade e Parati, esta península se projeta em direção ao mar aberto formando o desenho que lembra a “bota” da Itália. Parte da causa da preservação de suas praias de águas transparentes e a Mata Atlântica quase intocada se deve ao difícil acesso.
A estrada mais próxima, a BR-101, fica bem longe desse paraíso, sendo possível alcança-lo apenas de barco ou a pé. Além disso a área está protegida pela Área de Proteção Ambiental do Cairuçu e a Reserva Ecológica da Joatinga.
Para quem curte uma boa caminhada, com direito a montanha, cachoeiras e praias praticamente desertas, esta travessia, de três a quatro dias, é uma ótima alternativa para essa época do ano.
O ponto de partida desse trekking é o porto de Parati. De lá se pega um barco até a Praia Grande de Cajaíba. São, aproximadamente, duas horas de viagem de barco. A Praia Grande, como o próprio nome diz é extensa e lindíssima.
É desse ponto que começa a caminhada rumo a praia de Martim de Sá, primeiro ponto de pernoite da trilha. Depois de algum tempo andando passamos pela praia de Itaóca, completamente deserta e a pequenina Calhéus.
Entre ela e a praia seguinte, Ipanema, há um poço de água doce, bastante refrescante, ideal para se refrescar antes de seguir adiante. Mais algum tempo de caminhada e chegamos ao Pouso do Cajaíba, lugar ideal para tomar um banho de mar e fazer a pausa para o almoço.
Aproveite para repor as energias, pois até Martim de Sá é quase uma hora e meia de caminhada. A subida inicial, que parte do Pouso do Cajaíba, exige bastante do fôlego e das pernas dos caminhantes, mas a vista panorâmica das praias da região recompensa o esforço despendido.
No final da trilha, a mata se abre e uma enorme árvore com duas balanças indica a chegada na praia do primeiro pernoite: Martim de Sá. A área para camping é grande, com bastante sombra. Ela é mantida pelo seu Maneco, único morador da praia e que adora uma prosa. A praia é lindíssima, já voltada para o mar aberto, com ondas grandes e areia fofa.
Depois do jantar, que pode ser encomendado com o a esposa do seu Maneco, vale a pena descansar cedo, pois o segundo dia é o mais puxado da travessia.
Partindo de Martim de Sá segue-se em meio a Mata Atlântica até a praia do Cairuçu, cerca de uma hora de caminhada. A praia fica escondida, é pequenina, mas uma das mais lindas da caminhada. É repleta de grandes pedras que se misturam à maré surpreendentemente despontam em alguns pontos, longe da encosta, dando-lhe um charme todo especial.
Para aqueles que tem um dia de sobra vale a pena pernoitar no local. Caso contrário, deve-se seguir até Ponta Negra. Este é o trecho mais difícil do trekking. São cerca de três horas de subida intensa pela Mata Atlântica. Uma boa dica é parar na Toca da Onça, uma pequena caverna, quase no fim da subida da trilha. Lá faça uma pausa e um lanche para recompor as energias.
Mais vinte minutos de subida e começa a descida íngreme. Para se ter idéia, a descida é feita em apenas uma hora, exigindo muito do joelho. Depois de quase quatro horas e meia de caminhada em mata fechada chega-se à Praia de Ponta Negra, uma vila de pescadores composta por cerca de trinta famílias.
É impressionante a quantidade de crianças que vivem lá. Aliás, elas são as primeiras a receber os forasteiros, sempre muito amáveis e curiosas. A praia é pequena e no canto direito um pequeno rio deságua no mar formando piscinas naturais de água doce. Uma boa opção para a janta é o peixe feito no restaurante da Dona Bikinha.
O terceiro e último dia é o mais tranqüilo. Após uma pequena subida, é possível ter uma visão lindíssima da praia de Ponta Negra, dessa vez vista de cima. Mais alguns minutos de caminhada e se chega a Galhetas. Difícil de chamá-la de praia, pois não há areia, e sim uma grande quantidade de pedras, que lhe confere um visual fantástico.
Nesse trecho é preciso caminhar pelas pedras para poder continuar a trilha. Este trecho de caminhada também é feito em meio a Mata Atlântica. Depois de algum tempo uma pequena entrada a esquerda, saindo da trilha nos apresenta a pequena praia chamada Antiguinhos.
Mais alguns metros e chegamos a Antigo, esta bem maior em extensão e com um rio que deságua no mar. Ótimo ponto para se refrescar no mar ou no pequeno rio. Seguindo a caminhada mais uma subida, mas esta tem uma recompensa especial: uma das mais belas vistas do trekking. Desse ponto é possível enxergar toda a praia do Sono, o imenso Oceano Atlântico, ilhas e a foz de um rio.
Depois de apreciar a vista prepare os joelhos, pois a descida até a praia do Sono é muito íngreme. Esta praia, com cerca de dois quilômetros de extensão, já é mais freqüentada. Há diversas opções de camping e restaurantes.
Aproveite para almoçar em um deles. O último trecho, até a Vila de Laranjeiras, dura cerca de uma hora e é bastante tranqüilo. A trilha é bem aberta e já começa a deixar saudades das praias, mergulhos, vilas de pescadores e vista maravilhosas da Ponta da Joatinga.
*A jornalista Caroline dEssen viajou a convite da Pisa Trekking. Para saber quem leva para esta aventura, acesse www.destinoaventura.com.br.
Este texto foi escrito por: Webventure