Bielas do motor de um Vitara danificadas pelo calço hidráulico. (foto: Paulo Gaiotto)
A abordagem desses obstáculos requer o conhecimento da altura máxima de travessia de seu veículo, o que pode ser verificado no manual do proprietário. É bom saber que uma manobra desastrada pode danificar seriamente o motor de seu 4×4. Trechos profundos poderão provocar a entrada de água no compartimento do motor, que poderá ser aspirada pela entrada de ar provocando o calço hidráulico e inutilizando o motor imediatamente.
Os motores a gasolina ou a álcool levam uma certa vantagem, porque ao terem a parte elétrica da distribuição molhada o motor desliga muitas vezes antes do ar ser aspirado. Para os motores a diesel o calço hidráulico pode ocorrer mais facilmente, pois na ausência da parte elétrica o combustível manterá o motor funcionando até que a água alcance a entrada de ar.
Para evitar surpresas desagradáveis faça antes uma inspeção a pé e veja se o trajeto não esconde armadilhas como pedras grandes ou buracos profundos. Retorne ao veículo e acione a tração 4×4, blocante (se tiver), e engate a primeira reduzida, que deverá ser usada até o final, não troque de marchas durante a travessia. O deslocamento não deve ser rápido a ponto de espirrar a água no pára-brisa, pois desta forma inevitavelmente entrará água também pelo compartimento do motor.
Faça com que se forme uma pequena onda em frente do pára-choque dianteiro, isto vai provocar uma depressão logo embaixo do motor, criando uma camada de ar entre ele e a água. Siga dessa maneira até o final da travessia. Se possível, dirija a favor da correnteza e em diagonal para a outra margem.Não pare durante a travessia, mas se um imprevisto o obrigar a isso, mantenha o motor ligado e ligeiramente acelerado, para evitar que a água entre pelo escapamento.
Quando terminar a travessia tome cuidado com os freios, pois o sistema de lonas fica sem atrito com o tambor de freio, necessitando de tempo para secar, o que já não é tão crítico nos modelos com freio a disco. Independente do tipo de sistema, procure rodar alguns minutos com o pé pressionando levemente o pedal de freio, pois assim o atrito irá secar as lonas e pastilhas, devolvendo o controle do veículo.
Para trechos profundos, com mais de 80cm de água, há que se tomar cuidado com a correnteza, que se houver poderá dificultar muito a travessia. Além disso a água pode invadir a cabine ou pior, atingir a entrada de ar do motor.
A solução para o motor é mais simples, e consiste na instalação de uma tomada elevada de ar, também conhecida como snorkel. O equipamento é composto por um tubo instalado na entrada de ar do filtro, elevando-a para a parte mais alta do veículo. A instalação do snorkel requer um bom isolamento e vedação na ponta do tubo, que será conectado à entrada de ar do filtro.
Com esses cuidados e o preparo do veículo, será mais fácil e seguro enfrentar rios que cruzam as trilhas, e também as inundações de verão em pleno centro das grandes cidades!
Para mais informações
Este texto foi escrito por: João Roberto Gaiotto, especial para o Webventure
Last modified: novembro 7, 2002