Trilha Chico Mendes (foto: Divulgação)
Na década de 1980, uma intensa batalha contra o desmatamento da Amazônia aconteceu no Acre, tendo como protagonistas os agropecuários de um lado e de outro as famílias que viviam da extração de látex das seringueiras. Um dos principais expoentes dessa história foi Chico Mendes, líder dos seringueiros, que morreu assassinado em 1988.
Duas décadas depois, em 2010, foi inaugurada a Trilha Chico Mendes, um trajeto a pé de quase 60 quilômetros, mais 131 de barco, percorrendo a região onde a luta do seringueiro foi travada.
Durante o caminho, o turista conhece antigos companheiros de Chico, acompanha o processo de extração do látex e de outras matérias-primas, vê a fabricação de produtos típicos, avista animais endêmicos e conhece Xapuri, onde morou o líder, além de outras atrações.
Escolhemos o roteiro pensando nos aventureiros, por isso a trilha é quase toda em mata fechada. Já os moradores preparam pratos típicos e compartilham histórias de suas vidas na Amazônia, além de compartilhar o folclore local, explica Adalgisa de Araújo, do conselho estadual de turismo, que idealizou o projeto junto com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que administra a reserva extrativista.
O ideal é fazer o percurso em sete dias. A trilha ainda está recebendo melhorias, como a construção de postos de apoio e dormitórios, mas o visitante já pode pernoitar e fazer refeições em casas de seringueiros. Para fazer a caminhada, é obrigatório o acompanhamento de um guia.
Algumas agências, como a Eme Amazônia (www.emeamazonia.com.br) e a Discovery Viagens (www.discoveryviagens.com), oferecem pacotes para o trekking (com guia, hospedagem, refeição e traslado a partir do aeroporto), mas a demanda ainda é baixa. Em média, o pacote custa 3 mil reais por pessoa.
Por conta, o turista vai gastar em média, por dia, 20 reais pela refeição completa; 5 de café da manhã; 5 de hospedagem em casa de local; 25 de guia (valor da diária para grupo de até cinco pessoas); 20 pelo animal de carga, além do fretamento do barco, que custa de 300 a 600, dividido por grupo de cinco.
Mas antes, o interessado deve pedir autorização ao ICMBio (68 3546-3043) para entrar na reserva. O guia pode ser contratado pelo Sindicato dos Guias de Turismo do Acre (68 9973-6855) e a Associação de Moradores (68 3546-5408) organiza os passeios e faz a reserva do barco. Já o Alex Cruz (68 9963-304) freta carros 4×4 para os deslocamentos.
Na próxima página, Adalgisa dá uma sugestão de roteiro. Para mais informações entre em contato com a Secretaria de Turismo (68 3901-3043).
Total: 56,8 quilômetros de trekking, 131 de barco e 224 de deslocamento de carro
>> Dia 1: De Rio Branco (AC) até a entrada da trilha
– Deslocamento de carro (35 quilômetros)
– Visita ao Memorial Wilson Pinheiro, que foi o primeiro presidente do Sindicato dos Seringueiros do Acre
>> Dia 2: 15,9 quilômetros de trekking
– Início da caminhada
– Demonstração do processo de coleta da castanha-do-pará
– Acompanhamento da fabricação de açúcar mascavo e rapadura
– Contação da história de luta pela posse da terra
>> Dia 3: 15,1 quilômetros de trekking
– Caminhada
– Demonstração de artesanato de cerâmica e do processo do látex
– Contação da história da luta de Chico Mendes e de seus companheiros
>> Dia 4: 15,5 quilômetros de trekking
– Caminhada
– Cavalgada
– Demonstração do processo de coleta do açaí, patoá e abacaba
– Luau na floresta com jantar, música de viola, contação de causo de seringueiros, como enfrentamento de feras, seus mitos e lendas
>> Dia 5: 10,3 quilômetros de trekking
– Caminhada
– Fabricação de farinha de mandioca e banho na cachoeira do igarapé Sai Cinza
– Roda de violão e focagem de jacaré
>> Dia 6: 131 quilômetros de navegação
– Viagem em barco típico
– Observação de animais, pássaros e de atividades rotineiras dos ribeirinhos
– Visita a Casa de Chico Mendes
>> Dia 7: De Xapuri até Rio Branco
– City tour por Xapuri
– Deslocamento de carro para Rio Branco (189 quilômetros)
Este texto foi escrito por: Pedro Sibahi
Last modified: abril 2, 2012