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Trilhas do Nordeste conquistadas por nordestinos


Riamburgo e Rogério passearam nas areias maranhenses (foto: André Chaco)

A 11ª edição do Rally Internacional dos Sertões se encaminha para a reta final. A estratégia de quem está à frente das categorias é poupar os veículos e tentar segurar a posição até São Luís, capital maranhense. Nesta sétima etapa foram 436 km, entre as cidades de Carolina e Barra do Corda. A especial teve 220 km, com trechos de alta e outros com areia pesada.

Acostumados com o terreno arenoso, os cearenses Riamburgo Ximenes e Rogério Almeida, da Chevrolet Rally Team, foram os primeiros nesta quarta-feira. “Fizemos uma prova limpa, sem nenhum contratempo, com boa navegação e andando forte. O objetivo agora é buscar posições e tentar chegar entre os dez primeiros”, disse Riamburgo, que já foi campeão do Rally dos Sertões.

A dupla da Mitsubishi, Guilherme Spinelli/Marcelo Vívolo mantiveram a regularidade e chegaram em segundo na sétima etapa, permanecendo na liderança da geral acumulada. “Agora é trazer o carro na ponta dos dedos, tentar administrar a vantagem. A L200 tá perfeita, impecável”, disse o piloto que fez o tempo de 2h53min10 na especial de hoje.

Outra dupla que vem chegando entre os primeiros é formada pelos irmãos Marlon e Joseane Koerich, que ficaram em terceiro na acumulada. Depois de enfrentar diversos problemas com o carro durante o rali, a outra dupla da Mitsubishi, Ingo Hoffmann/Alberto Zoffmann, terminou o dia em terceiro lugar.

Nas motos, Juca Bala e José Hélio continuam revezando na liderança. Zé Hélio ainda não perdeu as esperanças de vencer novamente o Sertões, e acelerou tudo nesta sétima etapa e foi o mais rápido do dia, com Juca Bala no seu calcanhar, que continua na frente no acumulado geral.

“Foi uma especial muito cansativa, com muita técnica e com cara de Rally dos Sertões. Consegui tirar um pouco a diferença do Juca. Com esta especial devo ficar uns quatro minutos atrás dele. Agora vou manter o mesmo ritmo para tirar a diferença”, explicou Zé Hélio.

Juca teve a mesma opinião sobre a especial: “Foi um trecho muito pesado. Larguei na ponta, vim roteirando demais e o José Hélio tirou um pouco de diferença. A briga vai ficar para outro dia e agora vai ser pau a pau, vamos ver no que vai dar”, disse o piloto.

Destaque também para Tiago Fantozzi, que se firmou no terceiro lugar, tanto da etapa, quanto do resultado acumulado. “Graças a Deus tenho um faro bom, consegui seguir todos os pilotos que estavam na minha frente e terminar a prova”, disse Fantozzi.

Carlo Collet agora só precisa administrar a vantagem para alcançar o tricampeonato do Sertões. “Mantive a diferença com relação ao segundo colocado e agora estou bem mais perto do tricampeonato. Só preciso acabar o dia de amanhã; nem preciso completar a prova toda”, disse Collet, líder dos quadriciclos.

Nos caminhões, André Azevedo e Robson de Oliveira venceram a etapa, mas Carlos e Guido Salvini continuam liderando no acumulado. Quem teve problemas foi a dupla da equipe Yahn Racing, Luciano Cunha e Carlos Brites. O eixo dianteiro do caminhão se deslocou para a parte de trás e teve que ser guinchado da especial.

Desgaste físico, mental e mecânico – Conforme os dias vão passando, competidores e máquinas ficam cada dia mais desgastados. Acidentes e quebras são mais constantes.

Na sétima etapa, o francês Ludovic Boinnard parou no meio da especial com a moto quebrada. A moto de Cláudio Alves, da Production, teve vazamento de gasolina, mas a reduzida na velocidade não tirou sua vantagem na categoria. O piloto da moto 32, Ferdinando Steinhart, também enfrentou problemas mecânicos.

A japonesa Konomi Yamaura (moto 45), uma das poucas corajosas a enfrentar o sertão de moto, se sentiu mal com o forte calor do Brasil, como aconteceu na etapa de ontem. Hoje, ela não agüentou e parou no meio da especial, junto a um carro da organização, para descansar.

Para os pilotos da equipe ASW, Dimas Matos e Ramon Volkart, esta especial foi a melhor do rali e decisiva. “Se ontem a especial foi dos meninos, hoje foi dos homens. Agora tenho que manter minha colocação, pois não tenho mais o que buscar. Se alguém tiver que errar que sejam os da frente”, disse Dimas Matos.

“Foi a melhor especial do rali e deu para andar muito bem num trecho que teve muita areia, muita curvinha e exigiu muita navegação. Daqui pra frente tem que andar cuidando do equipamento”, disse o piloto de moto Ramon Volkart.

Congestionamento de guinchos – Depois da especial desta sétima etapa, a trilha deve ter sofrido com um congestionamento de guinchos, tamanha a quantidade de carros com problemas precisando de resgate. Fortes candidatos ao título do Sertões, Edu Piano e Nilo de Paula, abandonaram a competição nesta sétima etapa. A dupla não largou, depois de enfrentar vários problemas com o carro nas etapas anteriores. No ano passado foram os terceiros colocados na classificação geral entre os carros.

Outra dupla favorita fez uma especial lenta nesta quarta-feira. Reinaldo Varela e Edgar Fabre tiveram problemas com a L-200, que teve superaquecimento, o que obrigou os competidores a pararem várias vezes para colocar água e esperar o motor esfriar. Além de problemas com a embreagem.

Mais um entre os favoritos teve problemas. Klever Kolberg e Lourival Roldan, da Petrobras Lubrax, depois de enfrentarem um longo dia ontem, que só acabou em Carolina às 22h30, hoje o suporte da bandeja da L200 deu problemas e precisaram do apoio para continuarem na competição.

O piloto Franco Giaffone e o navegador Alberto F. Junior pediram ajuda para a organização via rádio. A L200 da dupla estava com a homocinética quebrada e também precisaram do guincho para rebocar o veículo até Barra do Corda. O mesmo problema aconteceu com o carro da dupla Palmeirinha/Dico Teixeira. Eles bateram num tronco e quebraram o acoplamento da barra de direção e a homocinética da picape.

“A verdade é a seguinte: o sonho acabou”, lamentou Paulo Nobre quando acionou a organização por rádio para dizer que estava parado com problemas mecânicos na especial. Até hoje antes da largada ele era o vice líder da classificação geral dos carros, com chances reais de vitória no Sertões 2003.

Enquanto amargavam a fossa juntos, Paulo Nobre e Franco Giaffone se divertiram no meio do Maranhão. Eles viram uma jaguatirica na mata. “Ela tem mais medo da gente do que nós dela”, garantiu Franco.

O carro de Paulo de Freitas e Francisco Menilli quebrou na especial e ficou sem condições de continuar o trecho cronometrado, sendo necessário o auxílio de um guincho. Roberto Macedo e Solon Mendes ficaram sem uma das rodas dianteiras do Troller protótipo.

O radiador do carro de Nilton Blaese e Roberto Peres furou e começou a vazar água, o que tirou a dupla da prova nesta etapa. O carro do piloto Fábio Cosi e do navegador Gustavo Bustamante teve uma pane seca no meio da etapa especial e precisaram do resgate da organização para saírem da trilha.

Na penúltima etapa do Rally dos Sertões os competidores seguem de Barra do Corda direto para Barreirinhas, correndo em duas especiais: a primeira de 132km e a segunda de 66km.

Este texto foi escrito por: Webventure