Anderson Roos durante o Desafio dos Vulcões (foto: Divulgação AXN)
O desafio para a primeira equipe brasileira a chegar ao final do Desafio dos Vulcões 2005 foi vencer as dificuldades da própria equipe, falou na semana passada ao Webventure Pablo Bucciarelli ao chegar da corrida.
A equipe Climb Trópicos, composta por Pablo Bucciarelli (capitão), Anderson Roos, Raphael Contin e Daiane Souza, completou a competição argentina em 21º lugar, em 149 horas e 9 minutos, duas horas à frente da equipe Try On 100 Stress. Ambas foram as únicas brasileiras a completarem a prova neste ano.
Pablo elogia a corrida em sua segunda participação: “É uma corrida de aventura nos termos originais dela, com muito trabalho de logística, e que nos passa muita segurança o qual víamos na checagem de equipamentos. Posso definir que é uma corrida que dá medo, que sentimos uma responsabilidade maior.
Para ele, a equipe não foi melhor porque enfrentou adversidades mesmo antes da prova, na largada, e durante toda a prova. O primeiro fato foi o congestionamento para chegar ao Lago Huechulafquen. Nosso apoio se atrasou para abastecer o carro e fez isso antes de largada. Acabamos ficando presos no congestionamento e fomos informados que poderíamos ir remando até a largada, já que estávamos na estrada que beirava o lago, contou Pablo.
Mas o apoio foi dez. Colocavam músicas de pagode e axé mesmo sem a equipe se identificar quando a Climb Trópicos chegava, pois queriam agradar os brasileiros.
Anderson Roos, que navegou na equipe, tem larga experiência em corridas de aventura, sendo capitão eterno da equipe Sul Brasilis e organizador de corridas em Santa Catarina. Mas ele não estava bem no início da prova, conta Pablo.
Logo após o Ecomotion/Pro (Nota da redação: Anderson participou da equipe Limite Humano Trópicos no Ecomotion/Pro), ele foi viajar para Fernando de Noronha por duas semanas, pedalou 900 quilômetros até a Chapada Diamantina e depois foi para a Trilha Inca, no Peru.
Na volta, ele se sentiu debilitado, com infecção intestinal, e os médicos disseram que poderia ser dengue. Mas Anderson topou ir conosco na prova, mesmo com risco de não poder competir.
O capitão da Trópicos conta que eles arriscaram com esta formação de equipe porque Anderson se sentia melhor. Após o problema da largada, o próximo foi que Anderson não conseguiu remar no primeiro trecho, as 10 horas de canoagem.
O braço do atleta começou a inchar e ficar enorme. Assustado com a condição dele e com as ondas de um metro do lago, o catarinense queria ir embora e chegou a cogitar no PC1 que sairia da prova.
Neste momento, não sabíamos o que fazer, conta Pablo. Anderson parecia decidido, disse ele, mas aí veio a força da integrante mulher, Daiane, que corre na equipe Paranaventura. Ela foi muito forte com todos. Não foi nada premeditado, mas Daiane foi tocando a equipe naquele momento para que não ouvíssemos o Anderson querer parar e até mesmo ele desistiu, continuando na prova, revelou Pablo.
Outro ponto tenso da prova foi no trekking do bambuzal, quando Pablo esbarrou em galhos e feriu a córnea. Ficou inchado depois e na hora uma dor muito grande, mas Daiane tinha um colírio com antibiótico e me ofereceu.
Quando souberam que a equipe Mitsubishi Salomon Quasar Lontra tinha parado – fato contado pelo diretor da prova, José Vacarezza – a equipe ficou ainda mais motivada de terminar este desafio, a fim de serem os primeiros brasileiros no ranking. Não pegamos nenhum corte e nem penalização, o que poderia nos deixar em uma situação ruim.
Checagem de equipamentos – Pablo disse que a checagem de equipamentos constante durante a prova é uma das seguranças que o atleta tem também. Lá, os fiscais não deixam passar nada, contou Pablo.
Além dos Postos de Controle, Pablo contou que a checagem era feita em outros locais. Eles não deixavam passar nada, abriam a mochila, checavam se tudo funcionava como lanterna e estrobo, e se alguém esquecia o equipamento obrigatório, era penalizado em tempo e até desclassificado.
No caso de esquecer o apito era uma hora de penalização, a manta térmica cinco horas e casos como esquecer rádio comunicador a equipe era desclassificada.
Este texto foi escrito por: Cristina Degani