Percurso teve mais de 5.000 km (foto: Arquivo Transamazônica Challenge)
Como poderia definir em uma palavra o projeto Transamazônica Challenge 2010 que não seja “sucesso”!
Foram meses de planejamento, correria, problemas na família, no trabalho e quase uma desistência final para 2010, mas existia um compromisso pessoal, profissional e principalmente uma paixão avassaladora pela aventura.
Em alguns meses tivemos 198 inscritos, claro que muitos são fogo-de-palha, mas isso demonstrou o sucesso do projeto em anos anteriores e como o Transamazônica Challenge está na mídia off Road do Brasil e lá fora. Existiam seis vagas a serem preenchidas, já que as outras quatro estavam fechadas desde antes do término do projeto 2009. A batalha pela qualificação dos 20 finalistas foi grande, os critérios eram diversos e ainda por cima a observância dos desejos pessoais pela aventura. Isto em troca de e-mails e conversas por telefone.
Grupo fechado troca de e-mails entre os participantes para começar o entrosamento. No mês de janeiro existiu uma desistência e, com isso, entrou o primeiro da fila de reserva. Em fevereiro outras desistências, ambas foram por problemas de trabalho e aí entrou no grupo a dupla de italianos, Matteo e Roberto.
Grupo finalizado – Então tínhamos 11 veículos, 10 participantes e um veículo da organização. No dia 15 de março começaríamos nossa expedição em Gurupi (TO) mas, devido a um problema técnico em um dos veículos, adiamos nossa saída para o dia 16, na madrugada. A dupla do Jimny (Fabi/André) ficou para resolver o problema e nos encontrar em Guarantã do Norte (MT), primeira parada para verificação dos veículos e término da primeira-fase da expedição, que ficou divida em três fases:
- Primeira-fase: encontro do grupo e deslocamento até Guarantã do Norte
- Segunda-fase: deslocamento de Guarantã do Norte até o 150. Trecho mais off-road e desafiador do projeto 2010
- Terceira-fase: deslocamento do 150 até Marabá (finalização do projeto)
Dados sobre a viagem
Data de saída do grupo: 16 de março de 2010
Local do encontro do grupo e saída: Gurupi (TO)
Local da finalização da expedição: Marabá (PA)
Data prevista de chegada ao final: 05 de abril de 2010
Trajeto entre Gurupi e Marabá: 5.000km
* Sérgio Holanda é apaixonado por off-road e um dos organizadores da Expedição Transmazônica Challenge.
O deslocamento até Guarantã do Norte foi de muita poeira, com um desvio grande do trajeto original, uma vez que a Ilha do Bananal estava com as estradas inundadas o que seria praticamente impossível de passar com nossos veículos. Descemos até Cocalinhos e depois subimos para Guarantã do Norte pela BR 080. O trecho de muita poeira e buracos onde fizemos muitos quilômetros por dia. Alguns dos participantes reclamavam do tamanho deslocamento e pela falta de tempo para descanso, mas o objetivo era chegar a Guarantã e o regulamento informava como seriam os dias de deslocamento, por isso “pé no porão!” (parafraseando o Carlinhos 100%, amigo de Recife!)
Todos os participantes não viam a hora de enfrentar os desafios, a lama e tudo aquilo pelo que vieram, mas este trecho da primeira-fase não prometia isso, no máximo, poças dágua.
Chegamos a Guarantã do Norte, revisão geral e diversão até a chegada da dupla do Jimny. Enquanto isso, fomos muito bem recebidos pelo pessoal da região, em especial o Davi (do Jeep Clube de Guarantã do Norte). Partimos em direção a grande aventura ao real motivo do nome Challenge.
Fomos em direção a Guariba, no caminho Alta Floresta onde encontramos o Dino e pegamos algumas informações sobre o trajeto a frente. Foi em Alta Floresta que nosso grupo se despediu do Argentino Eládio e sua esposa Glenda, eles não seguiriam com o grupo, precisou voltar para Córdoba, o trabalho chamava.
Mais desistências – Seguimos para pernoitar em Nova Monte Verde. No hotel tivemos uma reunião sobre o que nos esperava pela frente, bem como as regras que deveríamos seguir. Após esta reunião alguns participantes, receosos com o tempo, sem contatos via telefone e internet, bem como a possibilidade de terem seus veículos seriamente danificados e impossibilitados de serem resgatados momentaneamente, resolveram abortar a segunda fase. Além desse grupo um dos veículos participantes teve de retornar por problemas de saúde na família. O que ficou disso tudo foi a amizade de um grupo entrosado e das brincadeiras, que depois foram mais debochadas pela partida.
O grupo agora era formado por cinco veículos, a organização e mais quatro. Partindo de Nova Monte Verde em direção a Colniza e, de lá, Guariba para enfrentarmos nosso grande desafio Estrada do Estanho! Foram os dias mais estressantes, perigosos e tensos da expedição. Estes cinco dias entre Guariba e o Rio Machadinho, ida e volta, foram os mais emocionantes de toda expedição, e ainda pudemos contar com mais dois veículos, uma L200 e uma Triton, ambas da família Neves, comandada pelo meu amigo Acyr.
Sim, fomos até o Rio Machadinho e voltamos, não era possível passar, mas quer saber? No final foi mais emoção, reconstruir as pontes novamente e refazer o trajeto. Valeu todos os quilômetros rodados! O tedioso foi refazer Guariba Guarantã do Norte e pegar a BR 163 (Cuiabá Santarém), mas quer saber, todos adoraram fazer a 163, mesmo não tendo atoleiros, mas conheceram outra parte do Brasil.Conhecemos no caminho para Santarém a maior base de treinamento da força aérea brasileira e uma das maiores do mundo, além das belezas naturais da região.
Alter do Chão para descansar e recarregar as baterias. Alguns dos integrantes, o David e o George precisaram voltar para casa mais cedo e não tiveram este descanso merecido. Em Alter conhecemos um grupo de Jipeiros de Teresina que se juntou a nosso grupo e enfrentamos a Trans-Uruará juntos, um pouco mais de off-road para fechar com chave de ouro a TAC 2010. Despedimos-nos em Marabá e no final um gostinho de quero mais!
Agradeço a todos os verdadeiros jipeiros que cruzaram nosso caminho e como todo grande jipeiro foram mais do que amigos, foram irmãos! O David que retirou os pneus do seu jipe para o Troller do Coelho, além de preparar uma grande recepção em Guarantã, ao grande Dino que em Alta Floresta em pleno domingo a noite providenciou o conserto e a compra de um amortecedor para o Jimny. Além de todos os outros que cruzaram nosso caminho e puderam mostrar o quanto é grande o coração dos homens que vivem nesse imenso e amado país.
Agradeço aos nossos patrocinadores que acreditaram no projeto, principalmente aos que investiram mais do que dinheiro, investiram confiança: Ironman Brasil, Armazém 4×4, Centro Médico Camoi, Chama, e demais colaboradores.
Quero agradecer também aos participantes que cederam as fotos que estão nesta matéria a na galeria: David Marcelino, Coelho, André Ventorim, Engels Magnum e Fabiana Martins.
E o projeto 2011 já está caminhando!!! Aguardem!!!
Este texto foi escrito por: Sergio Holanda*