Pico do Dufourspitze (4.634m). (foto: Helena Coelho)
Viajar quando se tem o objetivo de escalar alguma montanha é sempre gratificante. Ainda mais quando você pode encontrar lá amigos que não vê há algum tempo. Foi isso que aconteceu no mês de setembro passado, quando aproveitamos que o Paulo foi apresentar um trabalho científico num congresso na Alemanha. Passamos duas semanas em Zermatt, Suíça, um verdadeiro paraíso para quem gosta da vida em montanha.
Ainda havia muitos esquiadores e snowborders na parte alta das montanhas, muitos caminhantes de todas as idades nas mais variadas trilhas e muitos escaladores ávidos por subir alguma montanha nevada com mais de 4 mil metros de altitude.
Um verão que choveu demais, fazendo os donos de lojas, hotéis, etc, reclamarem de que a temporada não foi boa. Não que não estivessem cheios os restaurantes, os trens, os teleféricos. Mas, devido o mau tempo, a multidão estava menos numerosa.
Os amigos – Nós contribuímos para aumentar o número de turistas em Zermatt. Fomos nós dois daqui e marcamos um encontro com antigos amigos, brasileiros ou não, que vivem agora na Europa. Estavam lá o Klaus – alemão nascido na Bahia, a Annette, a Andrea Mattos – que foi a primeira pessoa do Brasil a chegar no cume do Monte Huascarán, no Peru, e isso foi em 1988 -, o Ozzi, o Rafaello. É demais, não?
Bom, esses amigos todos pertencem ao CAI – Clube Andino Independente – que foi fundado pela turma, uns anos atrás, cansada da comercialização da montanha. E, no final da nossa temporada, ainda encontramos, por acaso, o Pedro, um dos bons montanhistas do Rio, que também estava lá para escalar.
Apesar do verão chuvoso nas partes baixas das montanhas e nevado nas altas, pudemos escalar o Dufourspitze, que é o cume mais alto do maciço Monte Rosa, com 4.634 metros de altitude. É a montanha mais alta da Suíça e a segunda mais alta dos Alpes; a mais alta é o Mont Blanc, com 4.807 m de altitude.
O ataque ao cume Dufourspitze do lado suíço é uma longa subida no glaciar, com um desnível de mais de 1.800 metros desde o refúgio Monte Rosa até o cume, gastando, em média, 7 horas. No final – últimos cem metros – é uma subida em aresta escarpada, com trechos bem expostos e trechos de escalada em rocha.
Para chegar até o Refúgio Monte Rosa, você tomar o trem que vai para Gornergrat e descer na estação de Rotenboden. Depois, pegar um caminho para a direita, descendo até cruzar um glaciar sempre bem marcado com bandeiras vermelhas, sendo que a última subida até o refúgio 2.795 m de altitude – tem trechos de cordas fixas.
Esse refúgio é muito bonito – e caro para nós! Se você quiser, pode acampar, mas não na área do refúgio. Se a opção for dormir nele, é bom fazer a reserva desde Zermatt, pois, em temporada, é lotado. Lá acorda-se às duas da manhã para um rápido café da manhã e começa a subida para o cume, se o tempo estiver bom. Num dos únicos dias desta temporada em que isto aconteceu, nós estávamos lá no refúgio e pudemos escalar, apreciando um lindo amanhecer e tendo o prazer de chegar ao cume.
Outras escaladas – Também escalamos os montes Riffelhorn (2.980 m de altitude, uma escalada em rocha), Breithorn (4.165 m), a aresta que une os dois picos deste mesmo monte, e ainda o monte Pollux (4.092 m de altitude). Não fizemos mais, pois o tempo estava realmente ruim. Os nossos amigos tinham um pouco menos de folga e não puderam subir em tudo, mas aproveitamos bem o que deu para escalar e as caminhadas morro acima com paisagens de cartão-postal.
Bela região! Vale a pena caminhar, esquiar, escalar – ou tudo isso – na região dos Alpes suíços.
Este texto foi escrito por: Helena Coelho
Last modified: outubro 24, 2002