Alta montanha, pastos, picos… Paraíso do trekking, o Nepal é o destino dos sonhos de quem pratica a modalidade. O desejo virou realidade para um dos integrantes da equipe Saknussemms, campeã do Enduro a Pé 99. Carlos Alberto Monteiro, o Beto, planejou tudo pela internet, fez as malas e desembarcou pela primeira vez em Kathmandu no último dia 8 de outubro. Já sabia de cor quais seriam seus principais desafios: “Fazer uma boa aclimatação, só beber água purificada e comer com segurança.”
Além de fazer caminhadas pelos vales e montanhas, Beto tinha a intenção de chegar ao cume do Imja Tse, com mais de 6 mil metros. “Para isso, paguei uma taxa de 300 e contratei um guia sherpa (como são chamados os habitantes locais)”, conta. Subir uma montanha como esta exige não só pernas como fôlego especial, mas não há muitas trilhas simples no Nepal. “É praticamente subida o tempo todo. Algumas são difíceis, outras suaves”, diz Beto. “O importante é não perder força e se aclimatar. Nem com remédios dá pra resistir à altitude.”
Para não sofrer com o ar mais escasso, Beto escolher seguir para Phakding, a 2.600m, e começar a aclimatação de dois dias até Namshe Bazaar. O primeiro contato com a altitude já causou reações. “Não foi nenhum grande impacto, mas o coração acelerou um pouco. Achei até estranho mas em nenhum dia senti dor de cabeça”, lembra.
É praticamente subida o tempo todo. O importante é não perder força e se aclimatar”
A cidade de Khunjung foi o ponto de partida para o trekking, seguindo para Machhermo. “Ali a vegetação vai começando a ficar mais rara e a neve vai tomando conta”, descreve. “Mas não é nada monótono. Quando mais você vai subindo, vê uma novidade. Muda tudo: aparecem os vales, os picos…”
De Machhermo Beto seguiu para Gokio, Na, voltou a Makhhermo e então trilhou Phortse, Pangboche, Pheriche, Lobuje, Gorak Shep, Kallapattar,
Dingboche e Chhukung até chegar ao acampamento-base do Imja Tse. Depois de subir a montanha, caminhou até para Tengboche, Namche e Lukla, onde encarou a altitude de partida, após mais de 10 dias acima dos 4000 m. De lá, retornou a Kathmadu para voar de volta ao Brasil. A aventura dos sonhos custou, no total, US$ 2.500,00, fora a passagem aérea, calcula o trekker. Satisfeito? Beto quer muito mais: “o Nepal oferece um infinito de possibilidades para o trekking. O objetivo da próxima viagem é escalar uma montanha com mais de 7 mil metros. Mas quero ir com patrocínio.”
A Arame é boa, não invencível. Estamos no mesmo patamar”
Amor à camisa – Quem pensa que os destinos longínquos o fizeram menos animado com as trilhas locais junto aos Saknussemms se engana. Beto ainda comemora o título, mas espera que a equipe mantenha a boa forma e siga competindo. “O time foi criado há quatro anos e em 98 paramos com as provas porque estávamos insatisfeitos com a organização. Neste ano, resolvemos participar do Enduro a Pé e retomamos o prazer da disputa.”
A rivalidade com a Arame Farpado, equipe mais premiada do Brasil e que ficou com o segundo lugar no campeonato, dá um sabor especial “mas apenas por ser um time muito bom, não por ser invencível. Estamos todos no mesmo patamar”, finaliza Beto, que tem como companheiros Júlio e Marcelo Cusinato, Nélson Maresca Fº e Maurício Bergamo – único que não é engenheiro.
O nome da equipe foi sugerido no início de 97 por um amigo, numa Arnie Saknussemm, explorador que descobriu os caminhos que levavam ao centro da Terra no livro “Viagem ao Centro da Terra”, de Júlio Verne.
Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira