Foto: Pixabay

Uma Aventura bem preparada pela Equipe Hollywood Troller

Redação Webventure/ Offroad

04/01/2000 – A 22ª edição do Paris Dakar, rali de todo terreno mais famoso do mundo dá, segundo os próprios organizadores, “Um novo sentido à aventura”. Usaram esse tema para 1)enfatizar que o Rali pela primeira vez será disputado no sentido Oeste-Leste (e não Norte Sul), através de 6 países; 2) a triunfante chegada ao Cairo (Egito), que também pela primeira vez se incorpora à prova no último ano antes da virada do milênio; e que 3) o Dakar, como é conhecido, é uma aventura sem precedentes. Talvez a última aventura à disposição dos entusiastas do Motociclismo e do Automobilismo de competição.

Nós da Equipe Hollywood Troller preparamos então este material em forma de ficha, fácil de consultar e com informações interessantes para que todos possam conhecer um pouco mais do Rali de maior tradição do mundo. Podem assim, neste informativo que colocaremos à disposição diariamente durante a prova, colocar “no deserto” os seus leitores, ouvintes e espectadores.

Os Números

  • 10. 759 Km de percurso total
  • 7. 595 Km de Especiais cronometradas
  • 407 Veículos (um a mais do que o recorde de participantes em 1991, de 406)
  • 203 Motocicletas
  • 138 Carros
  • 66 Caminhões
  • 2 Milhões de litros de Combustíveis
  • 8 helicópteros
  • 23 aviões da organização
  • 153 toneladas de alimentos
  • 5 toneladas de água
  • 1 300 pães-baguete por dia
  • 650 concorrentes (52% de Estrangeiros, 48% de Franceses)
  • 250 mecânicos que seguem por avião
  • 37 Médicos
  • 100 jornalistas
  • 140 pessoas na Equipe de TV

As Duplas (Equipe Hollywood Troller)

  • Número 342 Roberto Macedo/Marcos Ermírio de Moraes
  • Número 343 Arnoldo Jr./Galdino Galdino Gabriel
  • Número 344 Reinaldo Varela/Alberto Fadigatti
  • Número 345 Cacá Clauset/Amyr Klink

    Outros Brasileiros

  • Número 282 Kolberg/Larroque (França), Mitsubishi, categoria Carros de Série T1.3, a gasolina, com tração 4×4
  • Número 408 Tomecek(República Checa)/Vodrak(República Checa)/Azevedo na categoria T4 Caminhão de série de 4 a 8 rodas.
  • Número 25 Juca Bala, Moto KTM, Categoria Produção

    O Combustível

    Por regulamento todos os veículos devem ter uma autonomia de 800Km para as etapas especiais. Uma margem de segurança de 10% extra é considerada essencial. Já as Motos tem que ter uma autonomia mínima de 350Km

    A Navegação por Satélite

    A organização vai fornecer para cada carro, motocicleta e caminhão inscrito um tipo único de GPS (Global Positioning System). São aparelhos que tiveram a sua capacidade propositadamente limitada, para que a navegação seja um fator importante no resultado do Rali. Entre 5 a 15 pontos de referência serão fornecidos para os concorrentes em cada etapa. Além do GPS, os veículos levarão também um sinalizador de socorro que vai transmitir sua localização em caso de acidente. Os dois itens de equipamento são compulsórios (ninguém poderá participar sem eles) e fornecidos por apenas uma empresa indicada pela organização.

    Novidade: Objetivo Cairo

    Para facilitar a assistência aos competidores e permitir que o máximo de competidores cheguem ao Cairo, a organização decidiu reintroduzir a categoria “fora de tempo”. De Agadés em diante (o dia de descanso) um caminhão ou carro que estaria normalmente excluído da prova por ter se atrasado para a largada de uma etapa, terá permissão para continuar. Essa categoria Objetivo Cairo, deve seguir a mesma rota e as mesmas regras, mas terá uma classificação em separado. É a maneira que encontraram para fazer com que o maior número possível de veículos esteja no final.

    O Percurso

    O percurso do Rali se estende por uma região que tem três tipos de vegetação: as Savanas ao sul, o Sahel ao centro e o Sahara ao norte. Mas as fronteiras dessas diferentes regiões não são rígidas, como também não é simétrica a rota do Rali. Assim, numa mesma etapa diferentes tipos de terreno podem ser encontrados. Na análise de cada etapa seguem detalhes sobre cada uma.

    Descrição geral das etapas

    No início etapas mais curtas, rápidas e que requerem maior vigor físico. Depois, pouco a pouco o cenário vai se tornando um deserto, as distâncias vão aumentar, a vegetação desaparecer e as dunas vão chegar. A pilotagem passa a ser também uma grande navegação.

    VISÃO GERAL DAS ETAPAS

    De uma maneira geral podemos dividir o Rali em 3 grandes partes:

    Na primeira delas, de Dakar (Capital de Senegal) até Ougadougou (Capital de Burkina Faso) teremos 5 etapas relativamente rápidas e curtas através da savana quente e poeirenta.

    Na segunda parte (bem curta de apenas 1 600 km totais com 900 km de especiais) até Zinder (no Niger), a vegetação chega a ser luxuriante em perigosas estradas com fundo de laterita (solo vermelho típico das regiões quentes e úmidas) até alcançar Agadés, onde acontece o único dia de descanso (14/01).

    Aí chega a hora de atacar a terceira parte do Rali, cruzando o Sahara: calor, areia, dunas, tempestades de areia e os míticos desertos do Teneré, Idrhan Muzzuq, Ramlah Rabianah, o deserto da Líbia e o grande mar de areia. Uma região temida e ansiosamente aguardada por todos; de cenário magnífico, de uma luz mágica, diferente cada hora do dia, de noites frias de milhões de estrelas e de misteriosas areias que cantam.

    A bandeirada final acontece no Cairo capital do Egito, aos pés das Pirâmides. Como que para ainda mais força ao ditado egípcio, que diz: _o homem teme o tempo, mas o tempo não teme nada, a não ser as Pirâmides_.

    O Palco do Paris Dakar Cairo

    Quando se fala no Rali do Dakar a primeira imagem que vem à cabeça é a do deserto. Apesar de ter sua maior parte, este ano, disputada neste tipo de região, o Dakar na verdade alterna 3 diferentes tipos de vegetação. Mais ao sul e próximo aos rios existe a 1) Savana, logo contíguo aparece o 2) Sahel e imediatamente após esse o 3) Sahara.

  • 1) A Savana

    Um tipo de região que aparece em climas quentes com períodos de seca e que é caracterizada por árvores esparsas e uma vegetação de gramíneas altas. As maiores áreas de Savanas são encontradas no norte da Austrália, na Ámerica do Sul (Goiás, Mato Grosso e Tocantins) e na África. As Savanas são consequência da diminuição da chuva nas áreas tropicais. As Savanas do mundo sofrem constantes fases de transição de acordo com a expansão da civilização, a topografia, a precipitação e as queimadas. Correm assim o risco de ver seu equilíbrio ecológico afetado e muitas vezes sofrem uma irreversível desertificação.

    Na África em especial a Savana é o habitat natural de uma variadíssima fauna composta de grandes e médios mamíferos como elefantes, zebras, búfalos, hipopótamos, rinocerontes, girafas e antílopes. É também a região predileta dos grandes e pequenos carnívoros e roedores. Para o Rali, a Savana significa estradas de fundo vermelho, poeirento quase sempre.

  • 2) O Sahel

    Do árabe Sahil é_uma região semi-árida que forma uma zona de transição entre o árido e desértico Sahara ao norte e o cinturão das úmidas Savanas ao sul.. Possuem um pasto natural com uma gramínea rasteira. Por pelo menos 8 meses ao ano o Sahel é seco e as chuvas se concentram em uma curta estação. O Sahel vive sob constante ameaça da desertificação apesar dos esforços dos governos dos paises envolvidos em constantes programas de reflorestamento. O Sahel continua se expandindo para o sul, conquistando a vizinha Savana e atrás dele vem o Sahara. No Rali, o Sahel é tradução para estradas mais retas, com chão mais pedregoso se transformando pouco a pouco em areia, dunas e deserto.

  • 3) O Sahara

    O Sahara (é o plural do substantivo árabe sahra que significa deserto) ocupa praticamente todo o norte da África com uma área equivalente à superfície territorial do Brasil: 8.500.000 km2. Esse conjunto de desertos tem topografia variadíssima que inclui bacias rasas e sazonalmente inundadas, depressões onde aparecem os oásis, planícies extensas cobertas de cascalho, platôs pedregosos (hannadas), montanhas e lençóis de dunas e mares de areia (os ergs).

    Em toda a sua extensão carrega nomes e paisagens diferentes como as dunas de múltiplas cores, que cobrem 25% da sua área e que são de diferentes tipos: as dunas amarradas que se formam nas colinas ou outros obstáculos, as dunas parabólicas, as dunas transversas e em forma de lua crescente, os _seifs_ longitudinais e as grandes e complexas formas associadas com os mares de areia. É nos ergs que predominam as _draa_, verdadeiras cadeias que chegam a atingir até 300 metros de altura. Um outro fenômeno associado com as areias do Sahara é a sua _cantoria_ ou reverberação. Muitas hipóteses já foram levantadas para explicar o fenômeno baseadas nas propriedades do quartzo, mas o mistério continua sem solução. Para o Paris Dakar Cairo, o Sahara é a sua mais perfeita tradução, o momento sonhado, temido e esperado por homens e máquinas. Grandes extensões de navegação difícil, de ventos e de fundos arenosos diferentes onde, em certas etapas os veículos chegam a consumir 50 litros de combustível para andar perto de 100Km.

    Este texto foi escrito por: Meg Cotrim

    Last modified: janeiro 4, 2000

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    Redação Webventure
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