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Uma bola de neve no deserto


Cross-country tem atraído público como este que encarou frio e neve em etapa do Dakar 2002. (foto: Arquivo Equipe Petrobras Lubrax)

Existem várias modalidades de ralis: o de regularidade, onde o objetivo é achar o caminho e manter a velocidade média pré- estabelecida; o raid, uma versão mais apimentada do rali de regularidade onde os competidores, além de estarem no lugar certo na hora certa, também precisam superar obstáculos como atoleiros, rios, subidas e descidas íngremes. Também temos o rali de velocidade, onde o que importa é andar o mais rápido possível, mas permite o reconhecimento e treino no percurso antes da largada.

O Rally Paris-Dakar pertence ao cross-country. Esta é a modalidade mais nova deste esporte. Ela mistura o que existe de mais complicado em cada uma das outras categorias. Temos um percurso secreto, ou seja, é necessário encontrar o caminho, num trecho com muitos obstáculos, muitas vezes fora da estrada (daí o nome off-road) ou sem estrada nenhuma (situação comum no deserto). Ganha quem for mais rápido. Então é preciso acelerar forte sem ter certeza do que está pela frente.

Atraindo mais pilotos – Esta categoria também tem características ímpares. Ela une motos, carros e caminhões. Este fato talvez seja um dos motivos principais do sucesso deste esporte. Unindo os três veículos, ou três mercados diferentes, a prova atrai um número maior de pilotos.

Para se ter uma idéia, 479 veículos estão inscritos para o Rally Paris-Dakar 2003. Fazendo uma conta, somando seus tripulantes, sem falar em mecânicos, organizadores e imprensa, já são quase 1.000 pessoas envolvidas. Isto atrai público, mídia e patrocinadores.

No Brasil esta é a modalidade que mais cresce, tanto em número como em qualidade, já que inclusive veículos projetados aqui, como o Mitsubishi L 200 Evolution, estão sendo comprados por estrangeiros para correr no deserto do Saara.

Teste de sobrevivência – O Dakar ainda traz mais um ingrediente para diferenciar sua personalidade. É uma prova de longa duração. A edição 2003, a partir do dia 1º de janeiro, entre a França e o Egito, terá 19 dias e 8.552 quilômetros. Isto quer dizer que o rali se torna uma prova de resistência. Eu acho que é mais do que isso. A palavra resistência pode ser usada quando tudo o que foi planejado está dando certo. Mas para aqueles que por algum motivo estão sem a equipe de apoio no final da prova, o rali passa a ser um teste de sobrevivência onde os problemas vão se acumulando, formando uma grande bola de neve querendo te pegar.

Este texto foi escrito por: Klever Kolberg (arquivo)