Webventure

Uma breve apresentação


Nos Jogos Pan-americanos de Santo Domingo Edvando fez história com a prata no MTB cross-country. (foto: Divulgação)

Biker Gabriela Morelli estréia coluna com um panorama do cross-country brasileiro.

Olá, internautas do Webventure, eu sou Gabriela Morelli, atleta profissional de mountain bike-cross country há 4 anos. Em colunas mensais vou passar a vocês notícias do mundo do MTB: resultados de competições, panorama do Brasil dentro do MTB mundial, dicas de treinos, curiosidades, manutenção da sua bike, etc. Quero me colocar à disposição para quaisquer sugestões, críticas ou dúvidas. É só me mandarem um e-mail.

Agora que estaremos sempre em contato, vou falar um pouco de mim para que vocês me conheçam. Pratico o mountain bike há 8 anos e sou profissional desde 2000. Sou engenheira de materiais formada pela Universidade Federal de São Carlos e atualmente faço mestrado. Mas o que eu gosto mesmo é de mountain bike. Dedico aproximadamente 4 horas diárias para treinos. Integro a seleção brasileira desde 2001, tendo participado de três Campeonatos Panamericanos (Brasil, Chile e Colômbia). Sou a atual campeã paulista e em 2002 também fui campeã Interestadual.

Modalidade olímpica – O mountain bike é composto por várias modalidades: cross-country, downhill, uphill, four-X e maratona (trip trail). Entretanto, a única modalidade olímpica é o cross-country, que se caracteriza por ser uma prova disputada em circuito fechado (de 5 a 10 km de extensão), piso de terra e com obstáculos naturais, ou seja, trilhas estreitas (single tracks), curvas, subidas íngremes, barrancos “cavernosos”, raízes de árvores, etc.

Um certo número de voltas é estipulado para cada categoria (Elite masculina, Elite feminina, Sub-23, Júnior, etc). O tempo de prova fica sempre entre duas horas e duas horas e meia. Vence quem completar todas as voltas em um menor tempo. A largada geralmente é feita por categoria. Assim, o mountain bike cross-country é um esporte que exige, além de um ótimo condicionamento físico, muita técnica e pilotagem em cima da bicicleta.

O mountain bike brasileiro esteve presente nas duas últimas Olimpíadas. Em 1996 (Atlanta/EUA) o Brasil estava presente com o atleta Marcio Ravelli (nove vezes campeão brasileiro), que conquistou a 26ª colocação. Em 2000 (Sidney/AUS), o representante brasileiro foi Renato Seabra. Para 2004 (Atenas/GRE), as vagas ainda estão indefinidas, mas tudo indica que no ano que vem teremos, pela primeira vez, a participação de uma atleta brasileira da categoria Elite feminina nas Olimpíadas. A mineira Jaqueline Mourão, depois de uma temporada de dois anos correndo na Europa, já é top-10 do mundo e está com um “pezinho” em Atenas.

O mountain bike brasileiro está passando por uma ótima fase. Prova disso é a conquista da medalha de prata nos Jogos Pan-americanos de Santo Domingo (República Dominicana), fato inédito. O autor dessa proeza foi o atleta Edvando Souza Cruz, competindo na categoria Elite masculina.

Essa conquista não foi nada fácil. Como todos que acompanharam o Pan sabem, o calor em Santo Domingo estava muito intenso. A temperatura girava em torno de 30 graus. O evento de MTB cross-country foi disputada no interior da ilha, distante 200 km da Vila Olímpica. Os atletas sofreram bastante com o calor, prova disso foi que, com exceção dos quatro primeiros colocados das categorias Elite masculina e feminina, todos os demais atletas deram uma volta a menos no circuito pois estavam muito distantes dos primeiros colocados.

O circuito de cross-country era composto basicamente por estradas de terra, com apenas um trecho técnico de 200m em mata fechada (single track) e uma subida dura. A Elite masculina deu um total de 10 voltas no circuito de 5 km. O grande vencedor da prova foi o americano Jeremiah Bishop, que chegou apenas 14 segundos à frente do brasileiro Edvando e em terceiro ficou o costa-riquenho Deilber Esquivel. O segundo brasileiro presente na prova, Márcio Ravelli, ficou na 4ª colocação.

As meninas – Na categoria Elite feminina, a disputa foi acirrada, com a presença das melhores atletas do continente americano. A representante brasileira Jaqueline Mourão sofreu uma queda e terminou a prova na quinta colocação. A grande vencedora foi a argentina Jimena Florit, também muito bem colocada no ranking mundial, e veterana nas provas do circuito da modalidade. Em segundo lugar ficou a americana Mary McConneloug. A grande revelação da prova foi a chilena Francisca Campos, que ficou com a terceira colocação. Esta atleta ainda é da categoria Júnior, ou seja, tem menos de 18 anos.

A conquista dessa medalha inédita para o Brasil é uma amostra da capacidade de nossos atletas no mountain bike, que, apesar de todas as dificuldades, está em plena ascensão. No continente americano estamos atrás apenas do Canadá e EUA (criador da modalidade), mas já temos condições de brigar em termos de igualdade com esses países.

Este texto foi escrito por: Gabriela Morelli