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Várias histórias em uma só


Touching the Void de Joe Simpson. (foto: Divulgação)

Desde que inventei que a minha vida era a montanha, não me canso de me deixar fascinar por livros recheados de histórias de alpinistas na mesma situação. As histórias divergem, claro, mas, no fundo, são sempre as mesmas: a mesma paixão brutal pela vida ao ar livre, a mesma impossibilidade de ter outro tipo de vida, a mesma incapacidade de resistir a qualquer promessa ou pedido de se manter longe da montanha e perto da família, dos amigos, do trabalho.

O alpinista-cineasta americano David Breashears não é diferente. Sua vida parece a mesma de tantos outros que já li, com detalhes, matizes e cores diferentes, apenas. Neste caso, ao invés de ter um trabalho em um ambiente fechado, como um outro americano, Jim Wickwire, Breashears escolheu o cinema como forma de expressar toda a sua paixão. Começou como mero carregador em filmes lá no final dos anos 70 e não perdeu uma oportunidade sequer de aprender e sugar tudo que podia.

O inglês Joe Simpson, após sobreviver a um acidente em uma montanha dos Andes, terminou seu best-seller “Touching the Void” no coração do Himalaia. Ou seja, nem passou pela sua cabeça parar de escalar…

Com os franceses da expedição ao Annapurna, em 1950, aconteceu o mesmo. Foram, viram e venceram mas não pararam de escalar depois disso. Idem a Jon Krakauer, autor de outro best-seller, No Ar Rarefeito (já traduzido para o português). Sobreviveu à tragédia no Everest, em 1996, mas nunca deve ter questionado o porquê de estar ali… E de continuar escalando.

Eu nem me dou ao trabalho de pensar em parar prometer, então, nem pensar! Eu não seria capaz de cumprir. É simples assim. O que sinto em um dia na montanha é forte e me nutre o suficiente para não conseguir me deixar muito tempo longe dela. Quer saber? Ainda bem…

Este texto foi escrito por: Helena Artmann