Robert Scheidt (foto: Thiago Padovanni/ www.webventure.com.br)
Direto do Rio de Janeiro (RJ) – Competindo no Brasil e em águas que são o quintal de casa para muitos velejadores, os brasileiros da Vela deram um show e superaram o quadro de medalhas do Pan de Santo Domingo-2003 que, na época, havia sido recorde.
Na ocasião, o país voltou para casa com quatro medalhas, sendo três de ouro e uma de prata. No Rio de Janeiro foram sete medalhas, sendo três ouros, três pratas e um bronze. Poderia até ter sido mais, se não fosse a desclassificação do Hobie Cat de Bernardo Ardnt e Bruno Oliveira, que perderam o ouro nos tribunais.
Uma das atletas que mais se destacou foi Adriana Kostiw, que faturou o bronze. A velejadora saiu das últimas posições, ingressou na Medal Race na quinta colocação e venceu. Com a combinação de resultados, ficou com garantiu o terceiro lugar.
Quem também se superou foi João Carlos Jordão, do J24. Com uma lesão na coluna desde o início da disputa , ele passou por cima da dor para não tirar os companheiros Maurício Santa Cruz, Alexandre Saldanha e Daniel Santiago da disputa, já que não é permitida a substituição. E o esforço valeu a pena. O quarteto conquistou a medalha de ouro e já acumula duas medalhas em Pan-americanos. Em 2003 eles ganharam a prata. O que facilitou nossa vitória é que velejamos aqui desde criança, ressalta Santa Cruz, que pretende fazer campanha olímpica na classe 470 para Londres 2012.
Mais ouros – Quem também conquistou o ouro foi a Snipe de Alexandre Paradeda e Pedro Tinoco. A previsão era de vento e foi bonito ganhar assim. Valeu a pena esperar (o vento), comentou Paradeda.
Fechando o quadro dourado está Ricardo Winicki, o Bimba, que chega ao bi-campeonato em Pan-americanos. O velejador começou a semana desanimado até vir a primeira vitória. “Isso aqui é o resultado de um trabalho que vem dando certo. Somos todos muito amigos no windsurf. Em Búzios somos mais de 30 atletas de 15 países diferentes”, diz Bimba em relação aos competidores que estiveram no Pan e sobre sua vitória.
O tricampeão Pan-americano Robert Scheidt se despede da classe Laser com uma prata. A partir de agora, o brasileiro se dedica à classe Star, onde há menos de um mês conquistou o título Mundial.
Cheguei de Cascais (Portugal) e tive seis dias para recuperar a forma. O norte-americano Andrew Campbell foi mais constante que eu e mereceu o título. O Brasil está de parabéns na geral, poderia ser excelente, mas foi muito bom, comentou Scheidt.
Em seu primeiro Pan-americano, Patrícia Castro chorou muito por perder a medalha de ouro. Após vencer a Medal Race, a brasileira da RS:X teve que se contentar com a medalha de prata. “Foi ótimo velejar em casa, principalmente na raia onde eu corro desde criança. Infelizmente o ouro escapou por um ponto”, comentou.
Fechando a lista de medalhas está a classe Lightning, com Claudio Biekarck, Gunnar Ficker e Marcelo Silva. O trio é recordista de medalhas em Pan-americanos, e já conquistou duas pratas e um bronze (99, 95 e 91). Claudio e Gunnar também colecionam um ouro, conquistado em 1983 e outro bronze, em 1987.
Ouro perdido – A parte ruim da boa campanha brasileira ficou para a desclassificação do Hobie Cat 16.
Murilo Novaes, jornalista especializado em Vela e que há muitos anos acompanha o esporte, ficou indignado com a perda da medalha nos tribunais e desabafou: o mais chocante é que Baby (Bernardo Ardnt) escolheu um garoto humilde de Ilhabela, que veio dos projetos sociais de vela, pare ser seu proeiro. Seria uma vitória do povo brasileiro em um esporte considerado sempre elitista. Agora vai ficar difícil explicar para esse menino que a vida é boa, que o esporte redime e que a competição justa existe. O pequeno brasileiro Bruno Oliveira, infelizmente teve hoje o pior exemplo que poderia receber. Lamentável!
Este texto foi escrito por: Thiago Padovanni
Last modified: julho 29, 2007