Matias em alto mar (foto: Arquivo Pessoal/ Matias Eli)
A partir de hoje, o administrador e velejador Matias Eli irá contar nesse especial do Webventure a sua aventura de dar a volta ao mundo a bordo de um veleiro MB45. A jornada começou em 2008 e termina no final de 2010. Confira!
Meu nome é Matias Eli e os últimos 16 anos da minha vida foram dedicados unicamente ao meu trabalho. Até aí nenhuma novidade. Porém, durante todos esses anos, principalmente nos últimos cinco (onde fui responsável pala operação no Brasil do maior banco de investimentos da Austrália), eu consegui fazer muitos amigos e juntar dinheiro suficiente para dar vida ao meu grande sonho: conhecer o mundo a bordo de um veleiro. E essa viagem será contada aqui no Webventure.
Como tudo começou? Aprendi a velejar na classe optimist quando ainda tinha oito anos de idade, e desde então, nunca parei de navegar. Já naveguei barcos pequenos, como o optimist, ou Lazer, e até barcos grandes como os de oceano.
Minha paixão sempre foram as regatas, só que nunca me destaquei profissionalmente. Até ganhei alguns campeonatos, mas considerando o número de regatas, que participei em toda minha vida, esses resultados não foram tão expressivos.
Por causa dessa paixão pelo mar, desde os tempos da faculdade, eu sonhava com um MB45, barco fabricado no Brasil, mais precisamente no estaleiro Marte Náutica, nos anos 80. Este é um barco forte e rápido, feito para enfrentar grandes travessias, além de ser projetado pelos desenhistas Judell&Vrolik.
Dentro do universo dos MBs foram construídos apenas 13 cascos e havia um em especial que eu cobiçava mais do que todos! Seu nome era Swing e a razão do meu interesse era de que este casco havia sido o último a ser produzido no estaleiro Marte Naútica, antes de fechar as portas no início dos anos 90.
O Swing era especial porque havia sido produzido pelo próprio dono do estaleiro, Alain Simon. Ele fabricou o seu próprio barco e nele viajou sete vezes de Ubatuba (litoral norte paulista) para Fernando de Noronha (Recife). Em 2005 o Swing foi colocado a venda e acabou virando BRAVO, o barco que vai me acompanhar nessa volta ao mundo.
Quando comprei, o barco estava caindo aos pedaços, tive que trocar o motor, velas, stays (cabos de aço que sustentam o mastro), refazer a madeira e grande parte da instalação elétrica e hidráulica, além de equipá-lo com GPS, radar, e outros instrumentos de navegação. Mas, o mais importante era que o casco estava impecável.
Estreia – Um ano e meio depois fiz minha primeira travessia levando o barco para Noronha para sua oitava participação na REFENO (Regata Recife/Noronha). Nessa competição terminamos em segundo lugar na categoria. A regata foi ótima, mas o mais importante para mim foi o transporte do barco de Ubatuba até Recife, com escalas em Vitória, Abrolhos, Salvador e lógico em Recife. Foi este mesmo trajeto que refiz de agosto a dezembro de 2008, a diferença era que desta vez não pretendia voltar, pelo menos não pelo mesmo caminho.
Depois dessa experiência com o BRAVO, pedi demissão do meu emprego em maio de 2008. Na época muitos dos meus amigos, familiares e colegas acharam que eu estava louco. Afinal, eu havia deixado um bom cargo, um bom salário e tantas outras coisas que se tornam essencial quando vivemos nas grandes cidades.
Hoje estou de volta em São Paulo e aqui devo ficar até o término da temporada de furacões do Oceano Pacifico (que se encerra em maio 2010). Assim volto para Fiji, local onde deixei o Bravo, depois de ter navegado por um ano e meio pela costa do Brasil, Caribe e pelas ilhas do Pacífico até chegar em Fiji.
Essa navegação feita até agora foi a primeira parte do meu projeto de dar a volta ao mundo a bordo de um veleiro. Por isso os próximos textos publicados aqui no Webventure serão um resumo do que aconteceu até agora.
Tão logo eu volte para o mar, em abril deste ano, novos textos serão produzidos contando um pouco da minha rotina a bordo e dos principais fatos que acontecerão durante minha viajem de volta ao Brasil.
Este texto foi escrito por: Matias Eli, especial para o Webventure