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Vergonha: lamento pelo assassinato de Blake

A palavra aventura perdeu bastante da sua força original. O globo inteiramente mapeado, os cumes escalados e mares navegados. Com a ajuda da tecnologia (rádios, GPS, celulares), fica hoje impossível conhecer a sensação do Magalhães entrando no estreito ou do Marco Pólo encontrando o “Grande Khan”.

Apesar disso, algumas figuras do século XX (ainda é cedo para falar do XXI) conseguiram dar jus à palavra aventura, em primeiro lugar alpinistas e marinheiros: Mallory no flanco Norte do Everest ou Messner vencendo a barreira dos 8000m ; Jacques Cousteau e sua nova leitura do mundo submarino ou Eric Tabarly quebrando recordes nos oceanos.

Em comum, esses heróis modernos têm uma coisa: a profunda intimidade com o meio natural onde desempenham sua energia. E, para eles, a condição da sobrevivência. Isso faz deles os precursores da consciência ecológica e pioneiros da luta pela preservação do meio natural a que eles devem tudo.

Peter Blake era um desses. Após ter conquistado tudo o que se pode pensar no comando de um barco, ele se dedicou à defesa do planeta. Escolheu a Amazônia como frente de sua luta. Colocou sua fama e carisma, sua competência e ciência a serviço de todos nós. E sucumbiu à barbaridade cega de um vulgar bando de piratas inatingidos por 2000 anos de civilização. Roubaram relógios e um motor. Sim, relógios.

Chorei. Raiva, vergonha, impotência. Para a consciência humana ir para frente é preciso passar por muitas e muitas tragédias. Para ter democracia e justiça é preciso genocídios e ditaduras. Para ter ainda aventuras para viver, vai ser preciso muita humildade e lucidez. E assim vai o barco.

Navegar é preciso.

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Este texto foi escrito por: Jean Claude Razel