Gustavo lembra os melhores – e piores – momentos numa viagem em grupo pedalando por estados do Brasil. Faça como ele: mande sua história!
A viagem começou com o mínimo de planejamento. Foi em uma bicicletaria que nós três decidimos fazer uma viagem de bicicleta juntos. Eu já tinha alguma experiências com viagens anteriores, mas tanto para a Mariana quanto para o Johannes seria a primeira sobre duas rodas.
O ponto de partida foi Salvador, onde ficamos durante três dias, para depois irmos à Chapada da Diamantina. Lá na Chapada estava tudo maravilhoso, com água em todas as trilhas, vilarejos em volta de todo parque e lugares excelentes para acampar. Aproveitamos muito, ficamos durante dez dias no parque para conhecer os principais pontos turísticos e lugares maravilhosos ao redor. No total foram aproximadamente 500 km pedalados, de muitas rilhas, morros e vilarejos.
A próxima parada foi a Linha Verde, estrada que liga Salvador a Aracaju. Fizemos este trajeto durante uma semana, para curtir bastante as praias paradisíacas da região, tomando água de coco sem parar. O lugar onde ficamos por mais tempo foi Mangue Seco. A tranqüilidade e a beleza do local nos prenderam lá pôr três dias para recuperarmos as energias.
Calor, muito calor – Em Aracaju, o calor era o principal fator que não permitia a gente continuar a viagem. O Alemão teve insolação e precisou ficar três dias sem fazer nada, apenas dormindo e tomando água de coco (eu nunca vi alguém dormir tanto pôr tanto tempo).
O clima entre nós estava confuso, ninguém sabia o que iria fazer nos próximos dias, nós não queríamos mais pedalar durante a madrugada, mas de dia era praticamente nulo. Quando o Johannes acordou, pudemos decidir e mudar o rumo da viagem, pegar um ônibus e partir para o Sudeste do Brasil, à Cidade Maravilhosa, Rio de Janeiro.
Aquela foi a noite mais confortável que nós dormimos nos últimos dias. O ônibus era muito bom, com ar-condicionado, café e água à vontade. No Rio, pedalamos o trecho mais perigoso de toda viagem, atravessando a avenida Brasil, junto com caminhões enormes, ônibus e motoristas sem o menor respeito com os ciclistas. Rodamos até chegar a Itaguaí e achar um lugar para dormir.
A nossa meta era fazer a Rio-Santos e passar o Carnaval perto de São Paulo, para depois em apenas um dia chegar à capital paulista. A primeira parada foi a Ilha Grande, onde ficamos três dias, para conhecer alguns lugares espetaculares. Depois a Mariana não quis mais continuar, então eu e o Johannes fomos até Paraty. O centro histórico é muito bem preservado e o artesanato é muito bem feito.
Na Serra do Mar – Logo depois fomos até Trindade. Naquele dia nos separamos mais uma vez. O Johannes ficou para passar o Carnaval em Paraty e eu continuei pedalando. Fui até Boissucanga, foi um dia duro, com 180 km de estrada, onde os últimos 25 eram com muitas subidas. Passei o carnaval com amigos na região, para depois fazer em um dia Boissucanga – São Paulo. Foram 170 km, os últimos de muita subida, mas compensadores, na Serra do Mar.
A viagem foi excelente e todos aprendemos muito um com o outro, principalmente quando apenas um tem que parar e descansar e os outros não passam pelo mesmo cansaço. Viajar em grupo foi o maior desafio para nós, porque passávamos o dia inteiro juntos e a noite dormíamos em uma barraca iglu de três lugares. Não tínhamos escapatória: falar bom dia e boa noite era essencial para o próximo dia ser um dia melhor.
Este texto foi escrito por: Webventure
Last modified: abril 27, 2001