Bromélia em Anhangava (foto: Eliseu Frechou)
Desde o início dos anos 40 o Morro do Anhangava vem recebendo a visita constante de escaladores e montanhistas buscando diversão – e evolução nas paredes de granito rosado desta montanha que possui atualmente quase duas centenas de rotas de escalada com todos os graus de dificuldade. Tão importante é o lugar no cenário do montanhismo local, que será difícil você encontrar um só montanhista ou escalador de Curitiba e redondezas que não tenha começado a escalar no Morro.
É certo que desde os tempos mais remotos esta montanha que domina a serra da Baitaca é visitada. Mas para registros esportivos, foi Rudolf Stamm o pioneiro em realizar excursões ao morro. Stamm fazia parte do Circulo dos Marumbinistas de Curitiba e em 1943 já organizava ascensões oficiais deste clube ao topo da montanha.
Até o final dos anos 60 a atividade principal dos montanhistas era caminhadas ao Anhangava e montanhas vizinhas como o Pão de Ló e Marumbi. No final da desta década, o interesse pela escalada técnica foi aumentando. A maior parte das vias de escalada hoje existentes no Morro foi conquistada nas décadas de 70 e 80, quando o montanhismo paranaense teve um grande crescimento técnico. Foi também quando – assim como no resto do Brasil sobrava força de vontade para realizar conquistas e proporcionalmente faltava informação, e a escassez dos equipamentos forçava os escaladores a fabricarem os seus próprios ou improvisarem técnicas que se adequassem ao estilo de montanhismo que aqui começava a se firmar.
Foi então que grampos, cordas, baudriers e proteções dos mais variados tipos e materiais, importadas ou feitas em oficinas, começaram a aparecer e possibilitar a abertura de vias e a evolução do esporte, firmando o Anhangava e o Conjunto Marumbi (serra do Mar) como pontos de referência no montanhismo brasileiro.
O Anhangava está situado na Serra da Baitaca, e com o cume a exatos 1.200m de altitude, o morro é uma montanha bastante interessante e bonita, com a vegetação formada em sua maioria por capim e bambus, que junto com as rampas de rocha exposta lembram muito os campos de altitude. De seu topo pode-se avistar na Serra do Mar o Conjunto Marumbi e o Pico Paraná, o que por si só, valeria a pena uma visita. Todavia, a aparência selvagem do local não deve lhe enganar, não beba água dos riachos e nem se descuide de seus equipamentos.
No final da estrada do Anhangava, existe uma clareira bastante aberta, onde é possível estacionar uma dezena de carros. De lá, sai a trilha que começa à esquerda do portão da propriedade do montanhista Chiquinho Hartmann, passando por duas cercas e seguindo montanha acima. Na primeira bifurcação siga pela esquerda nesta e nas próximas duas bifurcações e você chegará a Zona Principal.
As rotas clássicas são Solanjaca (4°), Mônica Total (5°), R.S. (4°sup) situadas nas paredes mais para a esquerda do Anhangava, onde você também vai poder curtir vários top ropes no setor das Caverninhas, onde existem várias rotas alucinantes no sólido granito Paraná.
Ainda na porção esquerda do Anhangava, o novo setor Interiores, aberto a menos de dois anos é uma excelente opção de escalada, pois a grampeação é nova e as rotas muito interessantes. Para acessá-lo, siga a trilha principal e logo após atingir a Zona Principal continue pela trilha que leva ao topo por mais 20 metros. Depois siga por uma pequena trilha à esquerda, passe pelo bloco das Caverninhas onde existem quatro vias esportivas e continue seguindo pela trilha até encontrar a pedra novamente. O setor da direita da montanha é conhecido como Campo das Panelas e sua trilha de acesso é um pouco mais complicada, além de estar em constante reforma.
Uma característica do local, é que as rotas esportivas e de grau de dificuldade mais elevado geralmente são também as mais seguras de se guiar, sendo um grande atrativo para quem quer ampliar seus limites. Para essas, como para grande parte das rotas, uma corda de 50 m e uma dúzia de costuras é o equipamento básico coletivo. Para as tradicionais, acrescente um jogo de nuts e outro de friends.
As esportivas mais procuradas são Nostradamus (9b) e Dragão Refogado (9a), esteja com os dedos preparados antes de tentar estas vias, pois o granito é extremamente agressivo à pele.
Boulders – Os boulders são um caso aparte. E existem dezenas espalhados pelas trilhas, não deixe de experimentar o clássico Prestobarba, e O Futurista – considerado um dos mais difíceis do país. Esta modalidade teve uma grande evolução no estado do Paraná nos últimos anos, e é enorme o número de blocos e lances que têm surgido em lugares já tradicionais (como o Anhangava), onde se acreditava não ter nada novo para explorar.
De ônibus, na rodoviária Guadalupe de Curitiba, pegue o ônibus BR 116 -Quatro Barras, descendo no ponto final. Pegue outro ônibus no terminal de Quatro Barras com o nome de Borda do Campo, descendo também no ponto final, já no início da trilha. Em 30 minutos, você estará nas bases das vias.
De carro, pela BR 116 (sentido SP), e entrando no desvio para Quatro Barras. O Anhangava fica mais ou menos 32km de Curitiba, saindo de Quatro Barras e pegando a estrada para o povoado de Borda do Campo. Um pouco antes de entrar no povoado existe uma pequena estrada de terra (corta caminho) entre duas grandes fabricas do lado esquerdo, ela cruza a nova BR e depois segue em uma estrada de terra, que sai na base da montanha, este caminho é o mais seguro, fica longe da vila e do ponto final. A trilha é obvia e com bom lugar para deixar seu carro.
Betas – O Guia de Escaladas em Rocha do Anhangava pode ser encontrado nas principais lojas de montanhismo de Curitiba e no Abrigo 5.13. Hospedagem não será problema em Curitiba, que dista apenas 40 km, ou em Quatro Barras, que fica bem perto, pois existem hotéis e pousadas para todos os gostos e bolsos.
Um lugar para adquirir informações e companheiros para escalar é o Ginásio Campo Base, Trav da Lapa, 400 em Curitiba. (41) 3013 0897 www.campobase.esp.br
O Abrigo 5.13, que fica na própria Estrada do Anhangava, a menos de um quilômetro do início da trilha. Lá há um alojamento e área de camping. (41) 3554.1609 www.cincotreze.com.br
Este texto foi escrito por: Eliseu Frechou