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Viva!Wilderness! – Dia 2 5ª feira – Santa Helena de Goiás > Cidade de Goiás


Race Touareg #309 da dupla Neves/Bamoi (foto: Caetano Barreira/ Webventure)

Cidade de Goiás (Patrimônio Mundial), GO Dois dos Race Touareg 2 continuaram a sua marcha imperturbável a caminho de mais uma vitória no Rally dos Sertões. Nesse segundo dia difícil de muita navegação, a dupla que largou na frente Nasser/Gottschalk (RedBull/Barwa) #302 acabou perdendo tempo (como acontece sempre com quem tem que ser o abre-alas) e deixou a vitória para a dupla espanhola Sainz/Cruz (RedBull)no carro #301. A dupla brasileira Maurício Neves/Eduardo Bampi, na mesma ponte por onde passaram seus companheiros de equipe, teve a suspensão traseira esquerda de seu Touareg (RedBull/Mahle/Moura/Cimed) #309 quebrada. “Foi muita falta de sorte, tinha uma moto de um competidor que ficou com a roda traseira presa em um mata-burros. O Nasser passou rápido em terceira marcha, o Carlos mais devagar, mas em segunda, pela esquerda, eu escolhi esse mesmo lado só que mais devagar que eles, em primeira, acabei batendo mais forte com a roda traseira na saída do mata-burros. Lamentável, mas são coisas de corrida, amanhã tem mais.” Comentou Maurício.

Os outros brasileiros
Com a parada de Maurício, que ainda tentou consertar o seu carro e prosseguiu por mais 10km antes de parar mais uma vez, soldar o triângulo de suspensão, montar tudo e sem ter que esperar o seu caminhão de assistência chegou a Cidade de Goiás. A luta pelo melhor brasileiro na prova está, então, entre Riamburgo/Stanger Mitsubishi Evo (Nacional Gás/Ypióca/Ponto da Moda/Cimed) #307 que venceu hoje, seguido por Azevedo/Haddad Mitsubishi Evo (Petrobrás) #304 e em 5º Varela/Macedo Mitsubishi Evo #303.

A corrida do ouro
No Século 17 a disputa era outra, era pelo ouro abundante nesta terra dos índios goiases, infelizmente extintos antes mesmo de o ouro dar o seu adeus final. Perdeu o ouro, mas ganhou a agricultura e principalmente a arte e a cultura, com saraus, jograis, cerâmica, culinária e literatura. Já no Século 20 a Cidade de Goiás sofreu mais um golpe político, mas que salvou a sua arquitetura colonial, sua paz renascentista e o seu lugar entre os lugares protegidos pelo Patrimônio Cultura da Humanidade. Isso também é Wilderness! Viva! Portanto.

Mas eis que surge Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas,
Há 120 anos na Cidade de Goiás nasceu aquela que escolheu o pseudônimo de Cora Coralina. Uma doceira de profissão que virou poetisa, contista que nunca se deixou contaminar por modismos e produziu uma obra à prova de extinção e de uma riqueza sem fim povoada de motivos do cotidiano do interior brasileiro.

Estórias da Casa Velha da Ponte (Gente que passa indiferente, olha de longe, na dobra das esquinas as traves que despencam … Que vale para eles o sobrado?), Meu Livro de Cordel, Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, O Tesouro da Casa Velha e Villa Boa de Goyaz. E as obras infantis que ajudam todos os dias a alimentar as mentes poéticas de todas as idades: A Moeda de Ouro que o Pato Engoliu, Prato Azul-pombinho, Poema do Milho e Os Meninos Verdes(Segundo a crença os Meninos Verdes eram criaturas com cabeça de folha e corpo de criança. Acreditava-se que sua proximidade era sinal de boa sorte) Criaturas que infelizmente não estavam por perto do Maurício nesta tarde, no quilometro 169 da especial.

Até mais Cidade de Goiás
Depois dos índios, do ouro e da condição de Capital de Província e Estado, amanhã é o Rally dos Sertões que deixa a cidade e parte para Minaçu. Como sempre deixa a lembrança em um lugar que vai saber aproveitar o fato muito bem. Como dizia a própria Cora Coralina “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”

Este texto foi escrito por: Carlos Lua