Nasser vai deixando a sua marca (foto: Caetano Barreira/ Webventure)
Petrolina, PE A 7ª etapa do Sertões 2009 terminou. Ela que poderia ser mais adequadamente chamada de segunda metade da 6ª etapa, já que era do tipo Maratona (sem assistência aos veículos) trouxe de volta à vitória e à liderança geral da prova a dupla Nasser/Gottschalk(RedBull/Barwa) no Touareg #302. A dupla que completa assim a sua 5ª vitória em especiais e tem 1m 41s de vantagem sobre Sainz/Cruz(RedBull) no Touareg #301.
Essa disputa pela liderança mostra como é empolgante esta competição que no dia de hoje levou os três Race Touareg 2 por passagens estreitíssimas de piso arenoso, pesado que manteve pilotos, navegadores e material dos carros em regime máximo de funcionamento, próximo da fadiga.
Sainz/Cruz se espantaram com os túneis formados pelas árvores, acabaram perdendo tempo para Nasser/Timo que negociaram melhor a navegação e não perderam aquela tranqüilidade de quem já está farejando a vitória final.
Maurício/Eduardo perderam como os seus dois companheiros de equipe os espelhinhos retrovisores externos de seus carros e, infelizmente, um pouco de tempo em um erro de percurso. Dirigir esse carro na areia é impressionante, mesmo com toda a dificuldade íamos fácil a 150km/h, que carro maravilhoso capaz de surpreender sempre. Foi uma pena que não conseguimos avançar mais na classificação geral. Terminou Maurício que se preparava para cuidar de uma dor nas costas, conseqüência de um dos saltos ter saído maior do que fazia prever o Livro de Bordo.
Amanhã a dupla brasileira da VW Motorsport volta à batalha de manter o pódio inteiramente povoado de Race Touareg 2.
O Número do dia: Cinco horas é o tempo de treinamento físico diário para um Piloto Dakar da Equipe Volkswagen. Além de resistência eles também se preparam para o uso da força e do arranque pelo menos para conseguir tirar e recolocar as rodas que junto com os pneus pesam 30kg.
1 Nasser Al-Attiyah/Timo Gottschalk (Q/D), Volkswagen Race Touareg 2, em 2h 37m 16.3s (1), Tempo Total de 24h 21m 02.5s
2 Carlos Sainz/Lucas Cruz Senra (E/E), Volkswagen Race Touareg 2, em 2h 44m 05.8s (2), + 1m 41.2s atrás do Tempo Total
3 Jean Azevedo/Youssef Haddad (BR/BR), Mitsubishi L200, em 3h 06m 15.2s (3), + 2h 45m 18.7s atrás do Tempo Total.
4 Roberto Reijers/Marcos Almeida (BR/BR), Ford Ranger, em 3h 40m 47.9s (8), + 4h 29m 20.0s atrás do Tempo Total
5 Felipe Bibas/Emerson Cavassi (BR/BR), Mitsubishi L200, em 3h 07m 54.9s (4), + 5h 02m 34.8s atrás do Tempo Total
6 Luiz Facco/Silvio Deusdará (BR/BR), Mitsubishi L200, em 3h 30m 53.9s (6), + 5h 12m 07.8s atrás do Tempo Total
7 Maurício Neves/Eduardo Bampi (BR/BR), Volkswagen Race Touareg 2, em 3h 27m 39.5s (5) + 5h 49m 15.5s atrás do Tempo Total
8 Jarbas de Castro/W. von Schmidt (BR/BR), Sherpa em 3h 48m 46.3s (11), + 6h 43m 53.3s atrás do Tempo Total
9 Richard Vaders/A. Spacassassi (BR/BR) Sherpa, em 3h 46m 49.9s (9), + 6h 47m 34.6s atrás do Tempo Total
10 Elsinho Cascao/Elson Menezes (BR/BR), Sherpa, em 4h 13m 55.1s (13), + 8h 45m 55.2s atrás do Tempo Total.
De Opará para cá
O rio São Francisco nasceu Opará (rio mar) para os habitantes originais do Brasil. Nasceu ainda, e sempre, na Serra da Canastra em Minas Gerais a 1200 metros de altitude. De teimoso que é, em vez de virar para leste (bastavam alguns poucos metros, menos de 10, dizem) e descer logo a Serra em direção ao Atlântico, dá uma guinada para oeste antes de rumar para o Norte fortalecido por tantos afluentes. Daí segue o seu caminho de 2830 km até, enfim, desaguar no Atlântico de águas quentinhas, exatamente na fronteira que estabelece entre os Estados de Alagoas e de Sergipe.
Isso é que é tenacidade, força de vontade e exemplo. Ainda mais de quem já foi o centro da atenção, da diversão e do progresso, por onde corria muito mais do que água, corria dinheiro puro. Aí veio a rodagem e botou o São Francisco na contramão da história, mas na expectativa do amanhã. Força e tradição ele já provou que tem de sobra, que o digam 15 milhões de pessoas que habitam os 503 municípios pelo qual ele passa.
Do Américo aos dias de hoje
O famoso navegador e cartógrafo florentino que emprestou o seu nome ao novo continente, logo depois de estar na viagem de Colombo em 1492, andou navegando pelas costas do Brasil. E foi exatamente ele que no dia 4 de outubro de 1501 (dia de São Francisco, claro) descobriu a foz e batizou o rio. Hoje, a turma aqui de Passagem (o nome original de Petrolina, fundada por outro italiano, mas essa história fica para uma outra oportunidade) usa o São Francisco para outros propósitos. Usa como base para desenvolver uma próspera e pujante agricultura irrigada que produz frutas para o mundo e que assombra esse mesmo mundo conseguindo duas safras de uva por ano e produzindo vinhos de qualidade.
5ª feira já está chegando
E com ela a etapa de número 8 que parte em direção a Juazeiro do Norte através de 438 km dos quais 197 são cronometrados. O rally vai chegando perto do fim, mas está longe de se tornar fácil e parafraseando Caetano Velloso bem que poderíamos dizer que: Sobre toda estrada paira, monstruosa, a sombra do desgaste, enquanto dorme o sol à flor do Chico, meio-dia.
Este texto foi escrito por: Carlos Lua
Last modified: junho 30, 2009