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Volta ao mundo – Pio e Dri: oitava fase

Redação Webventure/ Destino Aventura, Expedições

Neste “Minha Aventura” o casal Pio e Dri conta como foi a passagem deles pela Índia e a visita ao Taj Mahal.

Foi um choque cultural chegar a um país e ver as pessoas comerem com as mãos (os indianos não utilizam talheres), vestindo fraldões sem camisa e descalços (homens), tecidos enrolados com uma pinta na testa (mulheres), falando diversos dialetos (utilizam inglês para se comunicarem regionalmente), muita pobreza, miséria e sujeira, e uma expressão corporal muito diferente para se cumprimentar, se despedir e etc. Aqui tudo é diferente, até o fuso horário é de meia hora e não de hora cheia.

Este país com mais de 1 bilhão de pessoas (o segundo mais populoso do mundo) apresenta faces extremamente interessantes. Do extremo sul (trivandrum) a Goa (praias turísticas) foram 26 horas de trem, mais 36 horas de trem até Delhi (capital), no norte da Índia, acompanhando toda a paisagem do país, que vive basicamente da agricultura. A religião é um ponto muito importante para os hindus, que acreditam em um só deus, que pode ter várias formas (principalmente animais) e que se você nasce miserável vai morrer miserável.

Talvez, se for uma pessoa boa, na encarnação seguinte você volte como uma pessoa com alguma posse. Assim, se você é mulher e for bem comportada, na próxima vida talvez volte mais evoluída e nasça homem. Este é o sistema de castas. Por aqui vamos vendo todas as nuances do país e agora mais tranqüilo, pois conseguimos resolver o problema do passaporte do Pio que estava sem mais espaço para carimbos de vistos. No Camboja, o cara da policia colocou a estampa sobre os vistos do Chile (o que é ilegal, mas no Cambodja tudo pode). Tiramos um novo passaporte e seguimos em frente.

Katmandu – “Viajamos não só pelo prazer de ver, mas também pelo prazer de contar”. Esta é uma frase de um escritor francês e nós a retiramos do livro do escritor Orlando Ortiz, que escreve sobre viagens radicais, quem encontramos na nossa fase final na Índia e ficamos amigos. Estamos viajando juntos até agora.

Neste momento estamos em Katmandu, capital do Nepal, bastante felizes por termos encerrado mais esta etapa da nossa viagem e também porque aqui não está tão quente quanto lá (uns 48 graus). Voltando à Índia…depois do safari no deserto fomos a uma pequenina cidade que tem um dos lagos sagrados na Índia, Pushkar. A cidade cresceu ao redor do lago, que também é rodeado por inúmeros templos. Peregrinos de toda a Índia vão até lá a fim de se benzer nestas águas sagradas. A maioria das casas por ali são pintadas de azul, e de acordo com os moradores isso ocorre em função do azul ser uma cor que gera paz de espírito e também por ser a cor de um dos deuses (Krishna).

Dali fomos a Jaipur, que abriga vários fortes e palácios. É uma cidade muito interessante, mas pra falar a verdade já estávamos um pouco estressados do calor, por isso tudo muito normal. Partimos então para Agra, onde foi a maior emoção. Visitamos o Taj Mahal. Tudo o que sempre imaginamos: grandioso e maravilhoso. Foi bom termos feito grande parte da Índia antes dele, pois depois de vê-lo nada mais seria tão belo.

Taj Mahal – O Taj Mahal é um monumento que abriga a tumba de uma rainha que morreu no parto do filho do rei e este, como a amava muito, resolveu construí-lo em sua homenagem. Ele é feito todo em mármore branco. Tudo é construído de uma forma muito simétrica. Assim, sempre que olhamos para ele está em perfeita harmonia, com tudo o que se encontra ao seu redor. Taj significa palácio e Mahal era o nome da rainha.

O Taj Mahal é conhecido como o templo do amor e em função disto muitos indianos, quando se casam, vão pra lá para passar a lua-de-mel. Anos depois, um dos filhos deste mesmo rei apaixonado matou seus irmãos e aprisionou o próprio pai numa torre de um forte de onde ele avistava o Taj Mahal até o resto de sua vida. História triste, não?

De Agra fomos a uma das cidades mais antigas do mundo, Varanasi, com 2.500 anos. Esta é a cidade mais sagrada da Índia e milhões de peregrinos vão para lá pra rezar e se banhar nas águas do Ganges. Ali se encontra também um dos lugares onde os hindus cremam seus mortos. Esta é uma passagem que é bastante impressionante. Visitamos o rio por aproximadamente 45 minutos e presenciamos três cremações, além das outras duas que já estavam em curso. As famílias chegam com os corpos de seus mortos numa festividade que por si só já choca, pois quanto mais velha é a pessoa, mais festivos eles são (com banda de musica e tudo). O corpo vai direto para o rio a fim de ser banhado e de “tomar seu último gole da água sagrada”. Depois o corpo vai pra uma montanha de madeira e num ritual eles ateiam fogo, que arde por aproximadamente 3 horas.

Impressionante – O mais impressionante é que quando o corpo se transforma em carvão, os familiares batem neste mesmo corpo com um pedaço de bambu para que o carvão se desfaça e a carne que ainda sobra por dentro se queime mais rápido. E depois as cinzas vão pro rio Ganges. Se você achou isto impressionante, imaginem que ao lado do corpo tem carrochos se esfregando nas brasas frias, gente nadando neste mesmo rio, gente escovando os dentes com pedaço de pau (vimos muita gente utilizando isto pela manhã pra limpar os dentes), gente tentando pescar, gente lavando roupa, gente bebendo água, tudo junto, em menos de cem metros.

Incrível, não? E este rio é tão sujo que chega a ser 250.000 vezes mais poluído do que o aceito pela Organização Mundial da Saúde. Impressionante. Além disso, a cidade é extremamente suja. Lixo pra todos os lados. Não existe lixeira na Índia, as ruas são um lixo só. Eles esperam o tempo das chuvas (monções) pra limpar tudo. A Índia é um contraste aos nossos costumes em todos os sentidos. E é por isso que adoramos tê-la visitado e também ter saído de lá, pois com tanta diferença foi muito cansativo, alem desta época não ser a melhor porque é muito quente.

Fizemos o país todo, do extremo sul ao norte, oeste e quase leste. Foi muito interessante termos conhecido o Ortiz, pois está escrevendo um livro sobre a Índia e nos falou muito sobre os costumes e história deste país. Ele vai lançar este livro na bienal do livro do ano que vem, no Rio de Janeiro, e nós seremos citados nele também.

Há muitas outras diferenças que gostaríamos de contar sobre a Índia, mas isto levaria muitas horas de bar e copos de cerveja pra contar. Mas uma destas coisas é que, por aqui, em algumas cidades, podemos ver pessoas defecando nas ruas sem o menor constrangimento. Do Nepal para o mundo…

Este texto foi escrito por: Pio e Dri

Last modified: setembro 10, 2002

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