Irivan e Niclevicz pretendem terminar o Leopardo em 2011 (foto: Arquivo Pessoal/ Waldemar Niclevicz)
Após dez anos de uma de suas principais conquistas, Waldemar Niclevicz fará uma homenagem a conquista brasileira do K2. Em junho, o montanhista, ao lado de Irivan Gustavo Burda, seu parceiro em 2000, iniciam a Expedição Comemorativa dos 10 Anos da Conquista Brasileira do K2, na qual a dupla irá escalar o Hidden Peak e o Broad Peak a 11ª e 12ª montanhas mais altas, respectivamente.
Niclevicz lembra que, quando chegou próximo aos dez anos da escalada ao Everest, não pensou duas vezes e já planejou uma nova escalada à montanha mais alta do mundo. Com o K2 não foi diferente: dois anos antes da data, eleja planejava a expedição, mas com uma única certeza: não iria escalar novamente a montanha de 8.612 metros de altitude.
Comecei a pensar em algo para aproveitar este momento e retornar ao Paquistão. Mas coloquei na cabeça que, quando terminasse de escalá-lo, eu nunca mais voltaria para lá. E não quero voltar ao K2. Embora seja uma montanha muito bonita, é muito perigosa. Tentei escalar esta montanha por três anos (98, 99 e 2000); hoje posso dizer que a conheço muito bem e que até teria chances de chegar ao cume. Só que não estou a fim de correr o risco que corri nesta montanha novamente. Mas aí veio a idéia de voltar ao Paquistão e fazer montanhas vizinhas, com mais de 8 mil metros e assim, matar as saudades, explicou o montanhista, que foi o primeiro brasileiro a escalar a Montanha da Morte.
A escolha da dupla em escalar as duas montanhas da região do Karakorum (que é separado do Himalaia pelo Rio Hindu) por serem as duas com mais de 8 mil metros. A região é formada por aproximadamente sete picos, bem diferentes das montanhas do Himalaia. Por exemplo,o Karakorum é muito mais imponente, e até as montanhas menores são mais verticais, escarpadas. A mais conhecida é a Trango Tower, com 6 mil, explicou.
Niclevicz já havia escalado o Broad Peak em 1999 e quase conquistou o cume do Hidden, ao alcançar 7.100. Posso falar que conheço bem a região, boa parte da via de escalada, mas não deixa de ser montanhas muito difíceis.
Longe do K2? – Waldemar e Irivan, em outras montanhas, não estarão tão distantes do K2. Em linha reta, o Hidden Peak, a primeira montanha a ser escalada, a distância é de 12 quilômetros do cume do K2; enquanto a Broad Peak é mais próxima, 3 km. Realmente voltarei aos domínios da montanha da morte, disse o escalador.
Os planos já estão prontos e o embarque será no dia 5 de junho, rumo à Itália. Os brasileiros devem escalar o Maciço do Monte Rosa e aproveitar cinco dias de aclimatação na região para, dia 13, embarcarem para o Paquistão. Junto com a dupla estarão na expedição escaladores da Guatemala e do Equador.
A chegada ao acampamento base das montanhas está prevista para o dia 16 de junho. É uma caminhada longa que pode ser feita em 8 dias, e é a mesma aproximação feita para escalar o K2, disse. O Hidden Peak deve ser escalado até o dia 25 de julho e, em até uma semana, também concluir o cume do Broad Peak.
Os planos para 2011 também já estão praticamente traçados: concluir o Leopardo das Neves, a escalada dos cinco maiores picos da Ásia Central. Em 2009, Waldemar e Irivan ficaram presos no Pobeda e escaparam da morte na expedição. Nós gostaríamos de voltar para o Quirguistão e conhecer o Tadjiquistão, principalmente as montanhas o Khorzenevskaya e o Comunismo, a montanha mais alta da região. Mas são áreas instáveis politicamente, e vamos esperar para 2011, explicou Niclevicz.
Questões políticas nas regiões da Ásia são costumeiras e acabam afetando os planos dos montanhistas. Este ano, por exemplo, o Nepal teve as portas fechadas no início da temporada, no meio do mês de março. Isso afeta nossa segurança no país, estão em conflito e a relação diplomática com o Brasil é sempre complicada, explicou o paranaense. Este ano não conseguiríamos entrar no Quirguistão por conta de um golpe de Estado, está tudo indefinido e o país está com as portas fechadas. Uma pena!.
Este texto foi escrito por: Bruna Didario